Especial:


Nota de Conferência Episcopal Portuguesa sobre o Jubileu do Ano 2000

Dois mil anos da Redenção

1. No ano 2000, vamos celebrar o Jubileu do Nascimento de Cristo. Sobre este grande acontecimento, publicou o Papa João Paulo II a Carta Apostólica «Tertio Millennio Adveniente» (TMA) e a ele mesmo nos referimos na Nota Pastoral de 27 de Abril de 1995.

Os dois mil anos da Encarnação do Filho de Deus representam um marco importantíssimo para a Humanidade inteira. Os cristãos consideram que o centro de toda a história humana se encontra no seu Salvador e Mestre. Propõem-se, por isso, em comunhão com todas as Igrejas do mundo, celebrar o bimilenário do Nascimento de Cristo com um Grande Jubileu de conversão, de louvor e agradecimento.

Para além duma história a recordar, com as suas luzes e sombras, os cristãos têm sobretudo uma missão a realizar «Ide pelo mundo inteiro, proclamai a Boa Nova» (Mt 28, 19). Sentem-se, pois, mobilizados para continuar movidos pelo Espírito Santo, a obra de Cristo, que o Pai enviou à terra para salvar a Humanidade.

A celebração jubilar integra-se no espírito do Vaticano II, um Concílio polarizado no mistério de Cristo e da Sua Igreja e simultaneamente aberto ao mundo. Ele fez brotar uma nova primavera da vida cristã que deve ser acentuada pelo Grande Jubileu.

Segundo as suas raízes bíblicas, o Jubileu é um tempo dedicado de modo particular a Deus. E uma das suas consequências mais significativas é a conversão pessoal e comunitária pelo restabelecimento e promoção da justiça social e da paz à luz de Cristo. Importa despertar em cada crente um verdadeiro anseio de santidade, forte desejo de renovamento pessoal num clima de oração mais intensa e de solidariedade.

É preciso que a preparação do Grande Jubileu passe através de cada família. Recordemos que o Filho de Deus quis entrar na história humana inserindo-se numa família. Mas é hora de escutar igualmente o que o Espírito diz a todas as comunidades, como as paróquias e as dioceses, e a outras instituições, como os movimentos e as várias formas de vida consagrada.

O Jubileu constitui também, por si mesmo, um ardente apelo a todas as confissões cristãs para que coloquemos o nosso olhar em Cristo, único Salvador, como o compromisso de formarmos um só Corpo, como Ele pediu ao Pai.

2. As dioceses constituem um dos espaços privilegiados das acções de preparação e das celebrações jubilares. Os Sínodos, em curso nalgumas delas, e muitos dos planos e programas pastorais, vão já na linha de resposta à referida carta Apostólica. Sem prejuízos dessas e outras iniciativas, a Conferência Episcopal Portuguesa estabelece as seguintes orientações gerais:

- Toda a acção pastoral relacionada com o Grande Jubileu deve ter como perspectiva a evangelização, dando seguimento às «Linhas de força de uma acção pastoral conjunta na Igreja em Portugal» (1993); e deve ser conduzida de tal modo que se possa continuar depois do Jubileu. O objectivo prioritário é o revigoramento da fé e do testemunho dos cristãos (cf. TMA 42.5). A isso conduzam as celebrações dos sacramentos da Iniciação Cristã, Baptismo, Confirmação e Eucaristia, e da Penitência.

- As grandes peregrinações, nomeadamente ao Santíssimo de Fátima, constituam momentos fortes de preparação para o Jubileu, tendo em consideração o tema indicado para cada ano.

- Sobre o tema do primeiro ano preparatório, publicaremos, se possível no próximo Advento, uma Carta pastoral sobre Jesus Cristo. Para os anos seguintes, se for considerado oportuno, teremos igual iniciativa sobre os respectivos temas.

- Para a educação da fé dos cristãos, os Serviços da Conferência Episcopal publiquem textos catequéticos e subsídios de formação cristã, especialmente para adultos.

- Intensifiquem-se a presença e o envolvimento dos cristãos n actividade sócio-caritativa e nas questões de justiça e paz.

- Promovam-se Jornadas de Estudo a partir da Carta Apostólica, destinadas especialmente aos responsáveis da acção pastoral em plano nacional e diocesano.

- Antes do Jubileu, que terá início no dia 25 de Dezembro de 1999, realizaremos um Congresso Eucarístico Nacional.

- Que as celebrações, já em curso, dos Cinco Séculos de Evangelização e Encontro de Culturas, situadas no contexto do Jubileu, suscitem entre nós um novo impulso missionário aberto a todo o mundo, nomeadamente aos Países de Expressão Oficial Portuguesa.

3. O primeiro ano do triénio pré-jubilar, 1997, é dedicado a Jesus Cristo, Verbo do Pai feito homem por obra do Espírito Santo, tomando como tema geral: «Jesus Cristo, único Salvador do Mundo, ontem, hoje e sempre».

O ano de 1998 é dedicado de modo particular à redescoberta da presença e acção do Espírito Santo, na Igreja e no mundo, tomando como tema: «Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida».

O ano de 1999 é dedicado ao «Pai que está nos céus», tomando como tema: «Creio em Deus Pai, Criador do céu e da terra».

A Virgem Maria seja apresentada ao longo dos três anos respectivamente como Mãe de Jesus Cristo, modelo de fé e docilidade ao Espírito, exemplo perfeito de amor a Deus Pai e a todos os seus filhos (cf. TMA 43, 48, 54). Supliquemos-Lhe que nos ajude a sermos fiéis à Palavra de Deus, formes na resposta às exigências desta hora, tendo sempre no coração e nos lábios um Magnificat de esperança.

Lisboa, 8 de Setembro de 1996

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Semana Nacional da Educação Cristã

«O catequista dá vida ao catecismo»

«O catequista dá vida ao catecismo» é o tema da próxima Semana Nacional da Educação Cristã. A Comissão Episcopal da Educação Cristã, através de uma nota, convida as comunidades cristãs e todos os educadores da fé a tomarem consciência, mais uma vez, de que a fé cristã não se anuncia nem transmite através de livros, mas sobretudo através de pessoas crentes.

A fé cristã não é um conjunto de ideias ou de teorias que se possam ler ou estudar. A fé comunica-se pela vida e pelo testemunho. O testemunho de fé e a vida cristã do catequista dão vida à mensagem do catequismo, pois «o cristianismo é mais do que uma ciência: é vida».

1. De 6 a 13 de Outubro, vamos de novo celebrar a Semana Nacional da Educação Cristã. Com ela, queremos despertar a consciência de todos os católicos para esta bela tarefa de transmitir bem e zelosamente as verdades cristãs e a sua vivência, tarefa indispensável num país que tanto necessita de cultura religiosa! Os catequistas, os professores, os párocos e, acima de tudo, os pais serão, com certeza, os mais empenhados na celebração desta Semana.

2. Neste ano, desejamos ter particularmente presentes, na oração, nas reflexões e nas iniciativas, os nossos catequistas. Os párocos e os responsáveis da catequese poderão valorizar a sua missão em um dos domingos da Semana, lembrando à comunidade a importância deste serviço pastoral e organizando alguma iniciativa que traduza aos olhos dos fiéis e dos próprios catequistas a gratidão e o apreço devidos ao seu trabalho.

Aos catequistas pedimos-lhes que nestes dias e durante todo o ano atentem nesta afirmação: «O catequista dá vida ao catecismo».

3. Esta frase, que tomamos como lema para a Semana Nacional de 96, traduz de imediato uma verdade pedagógica: o encontro semanal de catequese torna-se mais vivo e frutuoso se o catequista, como qualquer bom professor, souber adaptar-se ao aluno, despertar o seu interesse, animar o diálogo, usar sabiamente os audiovisuais de que dipõe...

Mas o cristianismo é mais do que uma ciência: é vida. E, por isso, ao dizermos que há boa sementeira de fé quando «o catequista dá vida ao catecismo», pensamos na força do testemunho, no efeito da dedicação ao grupo, na atracção que produzem a convicção na fé e a experiência da oração.

O catequista deve ser ele próprio um catecismo vivo, onde cada membro do grupo possa ver praticado aquilo que ouviu no encontro e leu no seu livro. Que diríamos de um catequista que alimentasse ressentimentos, faltasse à missa dominical, dissesse mal dos outros catequistas?...

Que, durante a Semana, todos os que são educadores para a vida cristã reflictam, cada um para si e em grupo também, sobre a importância de mostrar aos olhos, sobretudo das crianças, aquilo que escutam os ouvidos. E a força do exemplo, no caso do catequista, inclui não só a fidelidade à prática como também o gosto pela transmissão da fé, a inserção na comunidade paroquial, a partilha de experiências com os outros catequistas, a preocupação da formação permanente. A este propósito, recordamos que muito em breve vai ser publicado um novo plano de formação para os catequistas de Portugal; esperamos que ele seja uma ajuda às paróquias e outras comunidades educativas, no sentido de elas prepararem melhor os seus catequistas e de lhes garantirem as condições necessárias ao bom desempenho da sua missão.

4. Que «o catequista dá vida ao catecismo» é uma verdade que respeita a todos os educadores da fé. Considerámo-la tendo em mente os animadores dos grupos paroquiais, na catequese das crianças e dos adolescentes, dos jovens e dos adultos. Mas desejamos que a considerem também os professores de Educação Moral e Religiosa Católica, que, para além de bons pedagogos, terãode ser testemunho vivo dos valores cristãos que transmitem.

Pedimos, enfim, que reflictam em tal verdade os pais e mães verdadeiramente interessados em serem os primeiros catequistas de seus filhos.

5. Que a Virgem Maria, venerada em Outubro como Senhora do Rosário, seja nosso modelo, ensinando-nos a transmitir a fé no modo de viver com fé os mistérios e os acontecimentos de cada dia.


Algumas propostas

Para que, na Semana Nacional da Educação Cristã, as comunidades tenham uma tarefa facilitada, o SNEC propõe algumas sugestões paroquiais:

1. As homilias podem referir «a prioridade de evangelização tendente a ultrapassar a fé sociológica, substituindo-a por atitudes pessoais, de compromisso eclesial e de verdadeira opção por Cristo e sua doutrina».

2. A Oração dos fiéis deve colocar a sua tónica no envio de operários para a sua grande messe, de tal modo que o Evangelho seja anunciado a todos os membros do Povo de Deus».

3. A realização de encontros e reuniões de reflexão sobre a temática desta semana.

4. Os catequistas e os professores de EMRC sejam apresentados na Eucaristia Dominical, de modo que os cristãos da comunidade conheçam os educadores da Fé.

5. Os pais devem sentir-se comprometidos, visto que são eles os primeiros educadores.

6. Faça-se a nível paroquial uma exposição/venda de livros, criando possibilidades para que os cristãos cresçam na Fé e no conhecimento da Igreja.
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