VOZ PORTUCALENSE
Semanário Eclesial de Informação e de Opinião
Desde 1970
Em Janeiro de 1970 nasceu a Voz Portucalense , da vontade de D. António Ferreira Gomes, então Bispo do Porto, de ver apelidada de «sua própria e pessoal voz» apenas a que e quando a devesse e pudesse «fazer ouvir» e do desejo de manter o jornal diocesano que se chamava «A Voz do Pastor, considerando que «a Igreja do Porto não poderia deixar de ter o seu semanário, para informação, diálogo, conscientização e intercomunicação».
Nesse primeiro número, com data do dia 3, o Bispo delineou o que deveria ser a Voz Portucalense : «Semanário diocesano, somos uma instituição: respondemos pelo nosso passado, assumimos a nossa herança, méritos e deméritos» conscientes de que «só é capaz do futuro quem assume a tradição. E o nosso domínio, como a nossa tarefa e esperança, é o futuro. Queremos ser a voz autêntica da Igreja portucalense, a voz desta Igreja pós-Conciliar, a qual, para ser realmente sacramentum mundi , sente que tem de ser uma Igreja em diálogo», ... uma «Igreja, sacramento do diálogo». E concluiu: «Queremos ser tudo isto e só isto: a voz da Igreja do Porto, da sua tradição e do seu futuro. (...) Seremos pois a Voz Portucalense » .
Nas Linhas de Ideário , o Director acrescentava um pouco mais: «VP» é uma voz «que se levanta no Porto mas essencialmente irrompe do íntimo do homem e do cristão»; um «jornal de inspiração cristã, aberto a todos os homens de boa vontade», «não atrelado politicamente a qualquer regime» mas que não renuncia a «dizer sim a tudo o que é bom» e dizer não a tudo o que é mau, venha donde vier e vá para onde for»; um jornal que «não fará política, enquanto esta é jogo escuro de interesses», mas fá-la-á enquanto muito nobre arte «de construir uma sociedade cada vez mais justa», considerando que «interessar-se pelo melhor andamento da coisa pública é prestar um serviço à comunidade».
A Voz Portucalense (Rua de Santa Catarina, 521) veio dar continuidade ao semanário « A Voz do Pastor» que vinha já desde Fevereiro de 1921. A mudança do nome veio da necessidade de adaptar o semanário diocesano à eclesiologia do Vaticano II.
Dantes havia a tendência de tudo atribuir ao Bispo, aparecendo todas as directrizes diocesanas como sendo «do Bispo». O Concílio do Vaticano II, anunciado pelo Papa João XXIII em Janeiro de 1959 e reunido desde Outubro de 1962 a Dezembro de 1965, «mudou» a Igreja. E não apenas na linguagem. De instituição piramidal, com o Papa no topo (e nas dioceses o bispo), passou a apresentar-se como um círculo, um povo igual pelo Baptismo e diverso nos tipos de serviço que presta à comunidade. A autoridade passou a apresentar-se como serviço. E, mais do que o pensamento do «chefe» (bispo), passou a ser importante saber a opinião do povo de Deus, na sua diversidade: bispos, presbíteros e diáconos; religiosos e leigos. Ao povo de Deus é reconhecido o direito e apontado o dever de se exprimir no seu esforço de discernir, no meio das vozes do mundo, a voz de Deus.
Como dizia D. António Ferreira Gomes no primeiro número, «do Pastor, será cada vez mais, assim o esperamos, a sua própria e pessoal voz, quando a dever e puder fazer ouvir. O resto, as muitas e legítimas vozes, serão, na sua plural tensão versus a harmonia e consonância diocesana, serão... aquilo que queremos ser e chamar-nos».
Voz Portucalense aparece, assim, assumindo a tradição de A Voz do Pastor mas, como não podia deixar de ser, com o desejo de ser voz autêntica da Igreja pós-conciliar, uma Igreja do diálogo, da fidelidade à verdade e do respeito pela caminhada de cada comunidade ou até mesmo de cada pessoa .
Certamente pela qualidade dos colaboradores e pelo facto de tocar nas feridas do tempo as de uma Igreja retrógrada que tardava a aplicar o Concílio e as de um regime autoritário que fechava os olhos às mudanças que se verificavam em outros países (democracia e direito à autodeterminação) a «VP» viveu até ao 25 de Abril um tempo áureo de audiência. Depois disso, todos os jornais passaram a poder «dizer tudo» e caíu o interesse geral pelo jornal da Igreja que passou a ser lido quase só por gente ligada à Igreja.
Quando foi lançada a «VP» foi-lhe dada a tiragem de 12 mil , ainda que os assinantes fossem pouco mais de quatro mil. Era preciso levar o jornal a toda a parte. Em 1978 os assinantes eram 2700 e em 1982 dois mil e duzentos. A partir de 1980 a tiragem baixou para menos de cinco mil. Em finais de 1983 a tiragem voltou aos cinco mil, em Maio de 1985 sete mil, em 1987 oito mil, em 1989 nove mil, em Janeiro de 1992 dez mil e, desde Outubro de 1993 onze mil.
Mais de dez mil jornais vão semanalmente para assinantes. Eles são cerca de 7500 do distrito do Porto e mil dos de Aveiro, Viseu, Coimbra, 250 de Santarém, Leiria, Setúbal, 150 da área de Lisboa, 250 dos de Vila Real e Bragança, 60 de Braga e Viana do Castelo, uns 120 da Guarda e Castelo Branco, Alentejo e Algarve, 40 das Ilhas e duzentos do estrangeiro, sendo os restantes de lugares dispersos.
Até agora a «VP» teve como directores: De 3 de Janeiro de 1970 até 4 de Janeiro de 1975 M . Álvaro V. de Madureira; de 11 de Janeiro de 1975 até 17 de Maio de 1979 S. S. Ferreira e Silva; de 24 de Maio de 1979 a 29 de Setembro de 1983 R. A. de Castro Meireles Machado; de 3 de Novembro de 1983 a 16 de Setembro de 1993 Eloy Almeida de Pinho; e, desde 23 de Setembro de 1993 a 19 de Janeiro de 2000, Fernando Lima Milheiro Leite; de 26 de Janeiro até à actualidade o Director é Manuel Correia Fernandes.
Passaram-se 25 anos de publicação que foram de esforçada tentativa de ser voz da Igreja na sua diversidade. Nesses milhares e milhares de páginas perpassa um quarto de século de história, sobretudo da Igreja do Porto . Nelas a vida palpita, estando lado a lado as alegrias e esperanças mas também as angústias e sofrimentos da Igreja e da humanidade.
Tem tentado a «VP» que a voz da Igreja esteja ao nível das pessoas deste tempo fazendo-lhes chegar sínteses de documentos mas sobretudo o que vai acontecendo, ou seja, a vida das comunidades. As dificuldades são muitas e vão aparecendo de todo o lado, tantas vezes até em normas que parecem relegar para último plano a imprensa que apenas queira servir as pessoas e se recuse a enfeudamentos políticos, económicos ou a grupos sociais.
O jornal de hoje está mais adaptado aos interesses do cidadão comum, do cristão comum. Assim, mais do que jornal de opinião, foi-se tornando um semanário que dá a conhecer o que acontece, que mostra a Igreja real. É grande, entretanto, a diversidade das suas páginas: Forum, Diocese, Eclesial, Sociedade, Mundo, Especial, Liturgia, Recreativa, Cultura e Opinião.
Acredita-se que, com um pouco mais de engenho e cooperação, será possível dar um passo mais, ou seja, melhorar na qualidade e aumentar o número de assinantes que são já bem mais de dez mil.
De facto, torna-se cada vez mais indispensável que a Igreja dê a conhecer o que diz e o que vai realizando, mas também os clamores e silêncios, as recusas e passos da humanidade. O jornal da Igreja deve fazê-lo em atitude gratuita, desinteressada, de apenas querer que o bem triunfe e que a felicidade se torne acessível a um cada vez maior número de pessoas, considerando que a Fé sempre conduz a melhores dias.
Desde Julho de 2003 a Voz Portucalense, cuja editora era a Livraria Telos Editora, foi transformada em titular da Fundação Voz Portucalense , que assumiu todos os bens e responsabilidades da Livraria Telos, por determinação de Lei eclesiástica do Bispo da Diocese, D. Armindo Lopes Coelho, datada de 1 de Julho de 2003 e publicada no semanário em 23 de Julho de 2003. A Fundação Voz Portucalense passou desde essa data a ser a Editora do semanário Diocesano Voz Portucalense.
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