[ Liturgia ]



    Homilário Patrístico

    Reconheceu o dador da graça sem desprezar o companheiro de pena


    «Eu sei». [...] Quando Cristo estava pendente na Cruz ainda a Igreja não dizia: «Eu sei que o Senhor é grande» (Sl 134, 5). [...] Mas eis que, perante a turba dos opositores furiosos, perante o rebanho de Cristo emudecido e na expectativa do que pudesse acontecer, eis que se atravessa um não sei quem que como Cristo está pendente de uma cruz e crê em Cristo! Falo daquele ladrão, irmãos, daquele que reconheceu o dador da graça sem desprezar o companheiro de pena. Pedro, que O seguiu, nega-o, mas aquele que está cravado, reconhece-o. Calam-se os restantes, todos desanimam, mas ele diz: «Senhor, lembra-te de mim, quando vieres no teu reino». Pressupõe que vai reinar Aquele a quem vê crucificado. Eis que havia pelo menos um para dizer: «Eu sei que o Senhor é grande!»
    Grande graça. No exacto momento em que os judeus julgavam ter vencido a Cristo, o ladrão reconheceu que Ele era grande. Que grandeza pode haver, meus irmãos, num homem suspenso? Que grandeza num crucificado? Suspenso com o Suspenso, fixo n'Aquele que permanece, reconheceu-O como ao grão de mostarda (cf. Lc 13, 19). Ainda não se via a árvore, mas já conhecia a semente.
    (S. Agostinho, Sermão 285, 2)