João Paulo II na América: México e Estados Unidos
João Paulo II termina hoje a sua visita ao México e aos Estados Unidos, onde foi levar as conclusões do Sinodo Especial dos Bispos para as Américas, realizado em Roma de 16 de Novembro a 12 de Dezembro de 1997.
Nessa altura, diante da imagem de Nª Sª de Guadalupe, padroeira de todo o continente americano, na Basílica de S. Pedro, em Roma, o Papa presidira ao encerramento do Sínodo dos Bispos da América, prometendo ir entregar ao Povo de Deus que vive na América a Exortação apostólica pós-sinodal. A Assembleia sinodal vibrara com a evocação do Bispo Óscar Romero, martirizado em S. Salvador e com as notícias de violências e morte contra bispos da Colômbia. E deixara, em realce, vivos apelos à solidariedade, comunicação e comunhão de bens, respeito pelas minorias étnicas, culturais e religiosas, e também pela Natureza. Sem separar «a cura das almas» da defesa dos direitos humanos, os padres sinodais apelaram a uma maior justiça social.
Agora João Paulo II reclama para a América «uma base ética comum» que acabe com violências, corrupção e atentados à vida. Na complexidade dos tempos de hoje salienta ser urgente o respeito pela pessoa («o centro de toda a ordem social e do desenvolvimento»), pela liberdade e pela democracia, salientando que a história «não pode ir contra o homem», pois isso é ir contra Deus, cuja imagem viva é o Homem, mesmo quando procede mal. Criticou asperamente o uso das armas em nome de ideologias, e a corrupção e o individualismo que invadem as relações sociais. Falou do perdão das dívidas dos países pobres e fez apelo ao diálogo e concertação na busca de maior justiça e paz. E o próprio presidente Ernesto Zedillo apelou a que o próoximo milénio seja de «fraternidade, igauldade e solidariedade entre os homens e mulheres de todo o contiinente».
O Papa partiu de Roma, na 6ª-feira, tendo chegado de tarde à capital do México, onde foi recebido pelo presidente da República e pelo arcebispo de Ciudad de Mexico, Norberto Rivera Carrera. E dali falou aos mexicanos que o acolheram em festa como há vinte anos, quando ali foi pela primeira vez. Seguiu para a Nunciatura Apostólica onde assinou solenemente a Exortação do Sínodo que foi entregue aos representantes da Igreja de toda a América no Sábado, no Santuário de Nª Sª de Guadalupe, durante uma solene concelebração eucarística. A basílica de Guadalupe foi construída depois da aparição de Nossa Senhora, em 1531 ao índio Juan Diego, que foi beatificado por João Paulo II em 1990, sendo um lugar de contínua peregrinação e um símbolo da presença do Evangelho na cultura dos índios da América.
Com as suas contradições de grandes riquezas e imensa pobreza, o México é símbolo eloquente do continente americano. A gente mais pobre são os índios, concentrados no estado de Chiapas, que João Paulo II enalteceu na sua visita de 1993, em Izamal, a caminho de Denver.
No Domingo, o Papa celebrou no Autódromo Hermanos Rodriguez, perante um milhão de pessoas, e de tarde, visitou os doentes do hospital local. Na 2ª-feira, esteve reunido com os cardeais e os presidentes das Conferências episcopais da América e, de tarde, no estádio Azteca, com uma multidão de todas as gerações. Ontem, 3ª-feira, partiu para Saint Louis, Estados Unidos, onde foi saudado pelo presidente Bill Clinton, e depois falou aos jovens, no estádio Hill Center . Hoje, 4ª-feira, dia 27, depois da Missa no gigantesco Trans-World Dome, de Saint Louis, e da celebração das Vésperas na Catedral, João Paulo II regressa ao Vaticano.
Uma sondagem revelou que, para 89,2% dos mexicanos, a visita de João Paulo II serve para aumentar a fé e a espiritualidade do povo, que 99,2% sabem que é a quarta vez que o Papa ali vai, que 74,7% acham bem que se tenha recorrido às empresas comerciais para financiar a viagem e que 62,7% crêem que João Paulo II ali daixará uma mensagem de amor e paz. 87,6% dos mexicanos dizem-se católicos, senndo mais de metade praticantes dominicais. As relações entre o Governo e a Igreja são de respeito mútuo.