Eis um belo episódio.
Uma bondosa senhora cuidava, certa tarde, do seu jardim. Viu ao seu portão um miúdo pobre, magro e triste.
- Tem pão velho? - mendigou ele.
- Pão velho?
A senhora abeirou-se do menino e perguntou:
- Onde moras?
- Depois do jardim zoológico.
- É longe!
- É longe, mas tenho de pedir comida.
- Andas na escola?
- Não, porque minha mãe não pode comprar material.
- Teu pai mora com vocês?
A criança fez silêncio. Mas a conversa prosseguiu até que ela lhe disse:
- Vou buscar o pão. E é pão novo.
- Não é preciso. A senhora já conversou comigo e isso é suficiente.
Esta resposta caiu nos ouvidos da senhora como uma descarga eléctrica. Teve a sensação de ter absorvido toda a solidão e falta de amor daquele miúdo. Tão novo e já sem sonhos, sem comida, sem escola, e tão necessitado de uma conversa amiga!
Maravilhosa resposta aquela: Não é preciso. A senhora já conversou comigo e isso é suficiente. Um pequeno gesto de dar uns minutos para falar, para atender, para ouvir com atenção e amor tem um poder que parece mágico.
Os anos passam e mendigos continuam a pedir pão à porta daquela senhora. E ela continua dando pão novo, procurando antes compartilhar o pão da palavra: o pão de uma pequena conversa acolhedora que retempera e anima.
Este pão de amor não fica velho, se for fabricado com o fermento do Divino Mestre, Pão da vida.
Quantas pessoas crianças, jovens, adultos ou idosos nos pedem algo, mas preferem uma simples palavra de encorajamento, de conforto e de esperança...