Seminário: 100 anos de Escutismo
Em 17-18 de Março ocorreu a VII edição de Seminários da Região do Porto do Escutismo Católico, fundado pelo P. Jacques Sévin, companheiro de Baden Powell (BP). Daí a presença simbólica, neste encontro, da Madre Superiora da Congregação da Santa Cruz de Jerusalém (criada pelo P. Sévin). O 1.º símbolo existente foi o machado espetado num tronco, que ficou para significar a formação, adiantou-nos o Chefe Regional, Carlos Nobre. A noite teve um recair memorial ao 1º acampamento de 1907. O Chefe Nacional informou que no dia 1 de Agosto comemorar-se-á o Centenário escutista e 150 anos de BP, com a renovação universal, em uníssono, de todos os escuteiros do nascer ao pôr-do-sol. Será às nossas 8h00.
O convidado especial deste ano foi António Bagão Félix - economista, para abordar o tema Ofertas de Paz. Referiu a necessidade da Paz em plenitude e sua integralidade, na relação com Deus, consigo, com o outro e com a Criação, pois é Dom de Deus («Deixo-vos a Paz, dou-vos a Minha Paz»). Ao falar da Paz de Deus vale a pena falar da Paz dos Santos, pois a santidade está na heroicidade de cada dia, acrescentou com a ideia indissociável à Paz: a justiça, que é biunívoca e simétrica. A Paz não é, tão só, a ausência de guerra ou redução de conflituosidade; Paz e guerra são a parte ao serviço do todo (tempo de guerra) e o todo ao serviço da parte (tempo da Paz).
Não esqueceu os Dias Mundiais da Paz, que começaram a celebrar-se, a nível da Igreja, com Paulo VI em 1968. Apresentou uma série seleccionada de temas do dia 1/01 ao longo dos anos. No que toca ao desenvolvimento, o novo nome da Paz, disse libertar as pessoas. Não se confunda des(envolvimento) com comprometimento, pois o desenvolvimento não é crescimento. Aliás, João Paulo II também o disse. Na óptica do ex-Ministro, usando a seguinte equação, chega-se ao desenvolvimento: Educação + Economia + Ética vezes Solidariedade, elevada a Família.
Lembrou que a Paz também se estabelece no equilíbrio entre direito-dever, e não como actualmente acontece muito: supremacia dos direitos aos deveres. Não menos interessante foi a listagem que deixou de alguns dos grandes adversários da Paz: relativismo (plano ético); indiferença e licenciosidade (plano comportamental); cultura da morte (plano vital); positivismo hedonista (plano espiritual); egoísmo (plano geracional); cultura anti-família (plano institucional); individualismo predador (plano social); utilitarismo e endeusamento do mercado ou do Estado (plano económico); fanatismo (plano religioso); miopia e culto mediatista (plano político).
Entre outros pontos reflectiu ainda nos contrastes (alimentação, vestuário, necessidades e esperança) entre os 1.º e 3.º Mundos; nos princípios de acção da DSI, destacando a Solidariedade; nos cristãos descafeinados, pois ou se é não se é!; nos 7 pecados sociais; e nalguns pensamentos da Beata Teresa de Calcutá, de quem admira consideravelmente.
O meu direito à igualdade é poder ser diferente de ti e o meu direito à diferença é dever ser igual a ti (Bagão Félix).
André Rubim Rangel