É interessante verificar como cada lugar, cada cidade, assimila a acção e o culto de figuras que se tornam emblemáticas e merecem uma espécie de veneração popular.
Quem conhecia entre nós um certo Frei Galvão, já beatificado em Roma por João Paulo II, em 25 de Outubro de 1998? Saberia certamente o Cardeal D. José Saraiva Martins, agora também responsável pela análise do processo da sua canonização. Mas poucos mais.
E no entanto a sua figura é conhecida e venerada numa cidade que tem mais população que Portugal inteiro (mais de 12 milhões de habitantes, fora os arredores), que é S. Paulo, no Brasil. Primeiro santo brasileiro, eis como era proclamado. Trata-se de facto do primeiro santo nascido no Brasil oficialmente proposto pela Igreja ao culto universal.
António de SantAna Galvão era filho de um Capitão-mor que se instalou numa cidade no interior do Estado de S. Paulo, e nasceu em 1739. Sua mãe teve onze filhos e morreu apenas com 38 anos. Foi mandado estudar primeiro para Belém do Pará, nos jesuítas, e depois no Riode de Janeiro, com os franciscanos. Foi ordenado sacerdote em 1762, sendo enviado para o convento de S. Francisco em S. Paulo, onde fundou o Recolhimento de Nossa Senhora da Luz, em 1774, que acolhia jovens para viver em comunidade. Aí edificou uma igreja, anexa ao Recolhimento ou convento, inaugurada em 1802. O conjunto foi declarado em 1988 património cultural da humanidade. Aí está instalado actualmente o Museu de Arte sacra de S. Paulo.
A sua acção assistencial e de formação mereceu-lhe reconhecimento em vida e a crença da força curativa das suas intervenções. A sua fama de santidade determinou que o seu túmulo, que se encontra no interior da igreja do convento da Luz, onde morreu em 1822, se tenha tornado local de peregrinação e de oração, por parte das pessoas que pedem graças por intercessão do homem da paz e da caridade. Beatificado em 1998, foi agora canonizado por Bento XVI, na celebração do Campo de Marte em S. Paulo, que reuniu mais de um milhão de fiéis.