[ Especial ]



    O homem, a mulher e o egoísmo

    Albertino Costa


    Sabemos que o homem foi criado por Deus. De Adão foi retirada uma costela para criar a mulher. “Isto é osso dos meus ossos e carna da minha carne”.
    “Se a mulher foi tirada do homem, e o homem nasce da mulher, tudo vem de Deus”. (1 Cor 11, 12). Os dois foram criados para se entreajudar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza.
    Se tudo foi criado com tanta perfeição, porque é que nos deparamos com uma vida à beira do abismo, e não evidenciamos capacidade para alterar a situação?
    Meter a cabeça debaixo da areia e fugir da realidade com desculpas esfarrapadas, nada resolve. Cada um assuma a sua realidade existencial – quem sou eu?
    Hoje, somente temos em conta os nossos interesses, e demonstramos, de forma velada, indiferença pelos alheios. Cultiva-se o amor por si mesmo, as tendências de defesa e a preocupação de ser cada vez mais e maior.
    Temos assim uma sociedade constituída pelo homem egoísta, a mulher egoísta, a criança egoísta. Todos denotamos, mais ou menos, procedimentos e sentimentos egoístas.
    Um dia um casal de jovens amigos vieram convidar-nos para o seu casamento. Os nossos laços de amizade e parentesco, permitiram que levássemos uma conversa animada sobre casamento, e como é que cada um via o acto que se propunha realizar. “Se não nos dermos bem, cada um segue o seu caminho. Não estamos para levar uma vida de sacrifícios! O tempo do casamento para sempre, na maior parte dos casos, pertence ao passado!”
    Estes jovens pertencem a famílias católicas!
    “Os maridos devem amar as suas esposas como a seus corpos. Quem ama a sua esposa ama-se a si mesmo”. “Submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo”.
    Deus oferece aos cristãos que se unam com a sua bênção, uma união conjugal tendente a fomentar os laços indestrutíveis no seio de uma família.
    No final deste Verão, numa reunião dum grupo católico, um dos participantes expressava com convicção – “sou casada e tenho dois filhos, mas não estou para me sacrificar para manter o casamento. Aquilo que me parecia certo quando casei, começa agora, ao fim duma dúzia de anos, a convencer-me que o casamento dura enquanto dura. Sacrifícios não valem a pena!”
    Estará o sentimento egoísta tão enraízado que faça abortar todas as tentativas que levem à recuperação de valores de respeito, tolerância, aceitação, sofrimento e amor?
    Teremos no cristianismo aquilo que alguém, em tempos, referiu como razoável, meter na gaveta o que não nos interessa? Será por comodismo, alguns de nós se estão a esquecer da sua missão, e estão a permitir que se meta na gaveta o casar com a bênção de Deus para sempre?
    “Quanto àqueles que estão casados, ordeno não eu, mas o Senhor: a mulher não se separe do marido – se, porém, se separar, não se case de novo, ou reconcilie-se com o marido – e o marido não repudie a sua esposa”. (1 Cl 7, 10-11).
    A missão da família não pode ser ignorada. Ninguém se pode demitir ou lavar as mãos como Pilatos. É importante ter presente o que é aconselhável – “Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças. Ensina-o aos teus filhos, fala-lhes em casa, quando caminhes na rua, quando te deites e te levantes. Grava estas palavras nos umbrais da tua casa e nas tuas portas”.