[ Liturgia ]



    Uma Leitura Dos Textos Litúrgicos

    Os teus pecados estão perdoados


    1.ª Leitura (Is 32, 18...25): "Apagarei as tuas transgressões"
    Esta leitura pertence a uma secção da segunda parte do livro de Isaías em que se anuncia a libertação da escravidão em Babilónia e o regresso à pátria (cap. 40-44). Os vv. 18-19 são uma exortação a esquecer o passado e a voltar-se com esperança para o futuro em que Deus vai realizar algo de novo, viabilizando o regresso dos exilados através do deserto e da estepe.
    No centro do trecho, o v. 21 descreve o mais belo efeito do regresso do exílio: o povo eleito voltará a cantar na sua terra os louvores divinos. Os vv. 22 e 24-25 asseguram que o próprio Deus fará aquilo que recomendou ao povo: apagará da sua memória as transgressões e faltas dos exilados: é o perdão mais generoso e completo. Deste modo, regressado do Exílio, Israel poderá dar início a uma vida nova, em plena harmonia com o seu Deus.

    Evangelho (Mc 2, 1-12): "O Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados"
    No centro deste episódio evangélico emerge a figura de Jesus, que se auto-apresenta como o "filho do homem" na terra. Ele, que até conhece os pensamentos reservados, exerce efectivamente uma autoridade que suscita reacções contrapostas. De um lado está a fé do paralítico e daqueles que o levam à presença de Jesus, ultrapassando todos os obstáculos; a atitude da multidão (admiração e glorificação a Deus) pode entender-se também como abertura à fé. Do lado oposto prevalece a incredulidade dos que se recusam a acatar essa autoridade inaudita e já Lhe imputam a grave acusação que o fará "réu de morte": "está a blasfemar!"
    Neste caso, a controvérsia incide sobre o poder de perdoar os pecados, prerrogativa divina que Jesus exerce de modo soberano. A cura do enfermo é apenas um "sinal" demonstrativo dessa autoridade superior e mais decisiva. A partir das palavras de Jesus não é legítimo estabelecer um nexo directo entre a doença e os pecados pessoais da pessoa doente. Mas o pecado é, certamente, a principal "enfermidade" que afecta a humanidade e a raiz última de todos os seus males. A boa nova consiste em que o "filho do homem" veio ao mundo precisamente para nos libertar do pecado e iniciar assim uma nova fase da história humana.

    2.ª Leitura (2 Cor 1, 18-22): "Jesus não foi "sim" e "não”"
    Neste texto magnífico, Paulo enaltece o exemplo pessoal do Senhor Jesus que em toda a sua vida sempre obedeceu prontamente ao Pai. Sobre esta reflexão enxerta-se a exortação aos Coríntios no sentido de saberem sempre dizer o seu "Ámen" a tudo o que Deus lhes possa pedir. E esta deve ser para nós uma norma permanente, porque todos os seguidores de Cristo recebemos a unção, que nos assimilou a Ele por meio do Espírito.