Santo é o dia que nos trouxe a Luz
Vinde, adorai o Senhor!
O Verbo fez-se carne
1. O Profeta diz-nos que o exílio terminou. A caravana dos exilados regressa da Babilónia. Um mensageiro adianta-se a dar a boa nova à cidade. É o anúncio da paz e da salvação. Deus voltará a reinar no meio do Seu povo. Estabelecerá relações de amizade. Fará de Sião o centro de atracção universal.
Ao grito do mensageiro respondem as sentinelas da cidade. Exultam porque os seus olhos vêem que o Senhor volta para Sião. Ele avança à frente da caravana, sobe a Jerusalém, e conduz a casa o Seu povo disperso.
Era a profecia tantas vezes repetida: Javé reina no meio de ti (Sf 3, 15); Javé reinará em Sião (Mi 4, 7); todos os povos se reunirão em Sião (Jr 3, 17); Javé reinará sobre toda a terra (Zc 14, 9; Salmos do reino: 47; 93; 96-99).
2. Deus intervém no mundo por meio da palavra. Por ela cria o céu (Gn 1) e se revela aos homens (Hb 1). Se o homem é palavra, comunicação, é porque primeiramente Deus é Palavra. Se o homem existe é porque esta Palavra o chamou e o mantém na existência.
No Sinai Deus revela-se, contudo permanece inacessível. A revelação do Sinai, em forma de Palavra, será o tipo de todo o encontro do homem com Deus. Deus é «esta Palavra» (Dt 4, 12) que ressoa no monte e que Israel escuta.
A incarnação é uma nova revelação da Palavra, superior às precedentes. A Palavra criadora e salvadora tem em Cristo o seu centro. Criação e história encontram n'Ele o seu sentido.
3. O prólogo do evangelho de João é um hino solene (em sete estrofes de estrutura semita) ao Logos, ao Verbo, revelação do Pai em Cristo. No prólogo aparecem já os grandes temas do Evangelho: Verbo, Vida, Luz, Glória, Verdade. E as fortes contraposições: Luz/trevas; Deus/mundo; fé/incredulidade.
A ideia de fundo é a da plenitude da revelação que nos trouxe o Verbo, saído do Pai e feito homem. Também da Sabedoria se diz que estava junto de Deus (Pr 8, 30), mas tratava-se de uma personificação literária. Aqui, ao contrário, é uma Pessoa, é Deus, é a última Palavra que Deus pronunciou (Hb 1, 3).
A chegada de Jesus divide a história em duas partes: trevas antes, e luz depois. Coloca-nos numa alternativa: ser filhos da luz ou das trevas. Jesus é a Luz verdadeira.
A Palavra fez-se carne. A revelação definitiva de Deus não é sombra, sonho ou ilusão, mas uma realidade tangível. João voltará a reafirmá-lo na sua 1ª carta.
Veio habitar entre nós. Foi sempre este o modo da presença de Deus no meio do Seu povo: primeiro na tenda, depois no templo. Agora esta presença tornou-se real e viva na nossa humanidade. A incarnação é o primeiro momento deste habitar de Deus com os homens; a ressurreição será a sua plena realização.