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    Tribuna do Leitor


    Festas e foguetes
    As festas religiosas que, por todo o país, se realizam no Verão, em especial no mês de Agosto, continuam a largar foguetório, indiferentes aos riscos que esta prática provoca: barulho, incêndios, explosões, etc.
    Parece que, ás vezes, as Comissões se preocupam unicamente com as descargas de fogo e quanto mais foguetes subirem no ar, maior é o festejo.
    Alguns jornais relataram que,. Neste verão, em algumas terras, não houve o mínimo de cuidado, nem a adequada segurança no lançamento do fogo, e até uma absoluta indiferença pelos incêndios que lavravam nas proximidades.
    Teremos de ser nós, que promovemos estes festejos, a dar exemplo, na prevenção e até na contenção dos gastos em foguetes, ou outras coisas, que em nada dignificam a Igreja e as comunidades.

    José Maria de Almeida Alvão – Marco de Canaveses.


    Uma Igreja

    “A Igreja terá, entre outros elementos, um jardim interior onde será plantada uma oliveira; um espelho de água à entrada simbolizando a pureza; um auditório, um salão polivalente e duas capelas mortuárias. Terá capacidade para 600 lugares sentados...” Leio no J.N. sob o título “Nova igreja do Canidelo já no papel”.
    Leio a aplaudo. É que ao contrário do que por vezes se ouve a Igreja não cristalizou. Certo que entre a construção de um templo e a edificação ou consolidação de uma comunidade como comunidade viva vai um grande passo pois uma coisa não acarreta necessariamente a outra. Mas o lançar da primeira pedra pode constituir o primeiro passo. E não cristalizou o que significa que procura mergulhar na sociedade, auscultando os seus anseios, partilhando das suas dificuldades, assumindo que também por si passa o bem estar das pessoas. (E como estão muitas vezes interligados o bem estar físico e o espiritual!).
    Pois como estamos longe – e ainda bem! – daquela igreja com um corpo para a celebração dos sacramentos, uma sacristia e, na melhor das hipóteses, um salão, às vezes em anexo, para a catequese. Hoje a Igreja tem uma palavra a dizer – até porque algumas vezes não é dita por quem em princípio devia sê-lo – também no campo do social/cultural. E por isso é de “louvar” quando vemos uma igreja com auditório, salões polivalentes, terminal de computador, porque não dizê-lo, bar, um centro social/paroquial para actividades várias e, nomeadamente apoio à 3ª idade, e agora e muito bem, um jardim interior e espelho de água. Oliveira e água elementos fortemente simbólicos! No fundo é a Igreja a pugnar pela defesa e promoção da dignidade das pessoas. Pois se todos aspirarmos a ter uma casa onde nos sintamos bem não merecerá a casa de Deus – e que seria se pudéssemos dizer, o que está nas nossas mãos, também de todos nós – o melhor, sempre o melhor!

    Genoveva Maria Rezende – Porto

    ND – Pedimos desculpa à leitora pelo esquecimento desta sua opinião. Embora tardia aqui fica, pela sua pertinência.


    Religiosidade popular
    Assistia um destes últimos domingos pela TV a uma reportagem sobre S. Gonçalo de Amarante quando alguém a meu lado se manifestou: “Isto não é religião nenhuma!”. Discordei. É que em minha opinião são vários os caminhos para Deus e se a certos estratos da população diz mais o que poderá chamar-se de ortodoxia, “grosso modo” um liturgicamente correcto, para outros poderá esse trilho, não obstante a mesma direcção ter trajectória diferente. Daí a religiosidade popular. No fundo será da complementaridade das duas realidades que resulta ou pode resultar uma “solução” mais apelativa para o povo de Deus. Pois que a evangelização – que não pode esquecer-se é a missão primeira da Igreja – não pode resumir-se à repetição em abstracto do anúncio de Jesus como Salvador de toda a criação. Há que aceitar e promover a inserção da Boa Nova no seio da tradição daquele povo, daquela terra, se é por essa via que ele consegue exprimir o seu sentimento de aproximação e relacionamento com o seu Senhor. Que religiosidade popular equivale precisamente à natural aspiração do espírito humano à dimensão religiosa da vida. São de facto os caminhos para Deus!

    Maria Celeste Rodrigues – Porto