[ Especial ]



    Olhar(es)

     Pelayo Correa distinguido pela CMP


    A Câmara Municipal do Porto e o seu edil, Rui Rio, através do projecto “Porto Cidade da Ciência”, homenagearam a 17 de Setembro o cientista e médico colombiano Pelayo Correa, especialista em cancro do estômago, por ocasião da sua vinda à ‘capital’ do Norte do país. Esta distinção, inserida na recepção aos participantes de um encontro internacional promovido pelo IPATIMUP e pelo European Helicobacter Study Group, deve-se ao trabalho científico que tem vindo a realizar e a sua contribuição para o desenvolvimento da Ciência.
    Rui Rio reforçou os “factores de modernidade e da inovação científica” do Porto, cidade que considera ser “capital do trabalho das mãos e da inteligência”. Justificou também esta distinção, para além de Pelayo contribuir para a evolução da cura do cancro gástrico, na grande ligação que o cientista tem ao Porto e ao IPATIMUP, na pessoa do seu presidente, Manuel Sobrinho Simões, a quem Pelayo elogiou publicamente por “ser pioneiro na área da Ciência em que se destaca o seu trabalho, no Porto/Portugal e no mundo” e por ser mestre de muitos jovens cientistas.
    Em declarações à VP, Pelayo disse sentir-se “perfeitamente surpreso com esta cerimónia”, dado que veio para participar no Congresso e nada mais. Foi com “alegria e orgulho” que descreveu o seu estado de espírito, não só pelo prémio em si mas, sobretudo, pelo Porto ser uma cidade que reconhece o valor da Ciência: “poucas cidades e poucos políticos valorizam a sua importância”. Na área específica em que se insere, a patologia e bacteriologia, apontou que “o Porto é um dos melhores Centros de investigação do mundo!”. Frisou que há imensos progressos que têm vindo a ser feitos, já que antes quase todas as pessoas com cancro gástrico morriam, o que já não acontece actualmente, “graças à prevenção”. Destacou, dentro das medidas preventivas necessárias, o tratamento da infecção. Aconselhou o não abuso do sal e a ingestão frequente de frutas e vegetais.
    Manuel Sobrinho Simões, em diálogo pessoal, sublinhou a curiosidade interessante de não se distinguir o Prémio Nobel da Medicina que descobriu a bactéria, ali presente e ainda novo em idade, mas se distinguir uma individualidade com mais de 80 anos – Pelayo Correa – que não descobriu a cura mas, trabalhando na bactéria há muitos anos, descobriu a relação da bactéria com o cancro. Para Sobrinho Simões, a investigação “é muito memória, não é «eu sozinho controlo o mundo»; é algo que se vai fazendo e mostrando”.

    André Rubim Rangel
    arrangel@gmail.com