Partir para o campo - 1

Bom acampamento a todos

Dentro de alguns dias as nossas Unidades e Agrupamentos partem para os acampamentos de Verão. O nosso ano escutista vai, assim, viver a sua maior florescência, ao mesmo tempo que o próximo ano começa a lançar raízes. Antes de partir, gostaria de vos deixar algumas notas para vos relembrar assuntos essenciais.
Uns dirigem-se directamente aos Chefes de Unidade, outros aos Assistentes. Mas tanto uns como outros dizem respeito a todos, pois um acampamento não seria conseguido se os Chefes de Unidade e os Assistentes não compreendessem bem os seus papéis recíprocos e agissem em conformidade.

Aos Chefes de Unidade

Aos Chefes de Unidade lembraria, antes de mais, a frase do cerimonial de investidura "e assumes esta missão". Como o capitão de um navio, sereis o primeiro mestre a bordo depois de Deus. Toda a autoridade está nas vossas mãos: a que o Escutismo vos confia e a que os pais vos delegam. Total será o vosso poder, pois total será a vossa responsabilidade. Não tenhais medo, mas tende verdadeira consciência disto.
As almas ser-vos-ão confiadas para desabrocharem, mas os corpos também e, por isso, deveis velar pela saúde do acampamento tanto como pela sua moral. Se o acampamento deve ser uma aventura e um esforço, tem de proporcionar os riscos e a fadiga à idade daqueles que o vão viver. E isto deveis fazer compreender aos mais velhos, que por vezes são tentados a forçar a dose. O objectivo do acampamento escutista não é o de bater recordes, mas o de proporcionar um espaço de vida onde tudo seja equilibrado, fraterno e alegre.
Tendes um programa do acampamento: sede seus servidores mas não seus escravos. Servidores pois o programa não é vossa propriedade pessoal: preparaste-o com a Chefia (Adjuntos e Instrutores) e com os Conselhos de Unidade. Não vos cabe modificá-lo ao sabor dos vossos caprichos. Sois o guardião da Unidade, das suas instituições e do seu espírito, pelo que não vos deveis tornar no seu tirano.
Não sede, igualmente, escravos do programa fixado. Observai, com atenção, dia após dia e quase hora a hora, o estado da Unidade e de cada um dos seus membros. Tomai conta dos sucessos e dos fracassos dos dias precedentes, do tempo que Deus vos oferece, chuva ou sol, e do espaço de que dispondes. É a realidade que deve guiar a vossa acção: as teorias e os programas devem estar ao seu serviço. Mas, se tiverdes de alterar o programa, não o façais como déspotas: levai aqueles que o construíram convosco a modificá-lo segundo os vossos conselhos. A vossa decisão nunca deve ser imposta a menos que estejais seguros que ela é necessária por razões sérias. Nunca podereis ser censurados por modificar ou suprimir uma actividade da qual, em caso de fracasso ou de acidente, sereis os únicos responsáveis legais e morais. E então, se chegardes a esta necessidade, fazei-o com toda a clareza, sem aceitar nem discussões nem murmúrios. Lembrai-vos que "o Escuta é obediente" mas não esqueçais que o Chefe deve ser leal com os seus colaboradores.


(Traduzido do Livro Scoutisme au fil des jours das edições C.L.D. cujo autor é Jean-Pierre Normand, assistente dos Scouts de France - Associação Escutista Católica Francesa)