Escapães, Santa Maria da Feira
A Senhora das Necessidades, veneranda invocação de Nossa Senhora no lugar de Nadais, da freguesia de Escapães, Santa Maria da Feira, viu inaugurada no Domingo, por D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, uma nova capela. Situada num lugar aprazível, voltado a nascente, a capela foi criada pela arq. Felismina Topa e aparece como fruto da capacidade empreendedora das gentes deste lugar, do trabalho contínuo do Pároco, P. Américo Dias Pereira, e do zelo das Junta de Freguesia e Câmara Municipal, que criaram uma área envolvente que dá uma notável mais-valia a este templo. Assim,a devoção à Senhora das Necessidades, com festa no mês de Junho, pode prosseguir e crescer, pois o povo terá ali um parque de repouso e contemplação, e uma capela acolhedora.
D. Armindo, visivelmente feliz, foi acolhido por banda de Música, longo tapete de flores, e autoridades: deputado Castro Almeida, eng. Castelo Branco, da CCRN, presidentes da Assembleia Municipal e da Câmara, Dr. Orlando e Alfredo Henriques, da Assembleia e Junta de Freguesia, Dr. Ricardo Henriques e Albino Neves, e outras personalidades. Houve procissão da Escola até à nova capela, seguindo-se a dedicação deste belo templo com seu Altar, sacrário e imagem de Cristo no decorrer da Eucaristia em que concelebraram ainda os padres Domingos e Fernando Milheiro, naturais de Escapães, e o P. Paulo Teixeira, secretário do Bispo.
D. Armindo, seguindo os textos bíblicos, recordou que o povo se reúne para escutar a Palavra, para orar e desenvolver laços de unidade no Senhor "dos vivos e dos mortos". Salientou depois que "somos de Deus" e que o Senhor dá à comunidade cristã uma missão: "a de semear a Paz, sempre, pela graça de Deus", e de perdoar, pela força que Deus dá a quem suplica.
Com oportunidade e de forma acutilante, D. Armindo recordou "o povo mártir de Timor a quem estão a matar e maltratar", destruindo-lhe as igrejas perseguindo bispos, padres, religiosas e o povo. E, no final da Eucaristia, depois de ter manifestado o seu apreço de Bispo pela obra feita e pela solene celebração em que participara, recordou que, nesta semana, decorre por toda a Diocese um peditório, organizado pela Cáritas Diocesana que se destina a "reconstruir Timor", socorrendo as suas gentes no que for mais urgente.
Virá do século XIV esta invocação, tão acarinhada pelas gentes da beira-mar. A primeira capela era muito pequena, tendo sido substituída por uma outra do século XVIII. Deterioraram-se os pobres materiais de construção e alterou-se por diversas vezes a traça dessa capela, restando uma pouco mais que ermida, em tempos com galilé, ladeada ainda por dois tri-centenários sobreiros. Ao cimo do lugar, junto à velha estrada real, há as alminhas da Meia-Légua e, na planície, o rio Uíma, correndo até ao Douro. Não há solares, nem outras referências de monta, mas ali vive uma gente crente, trabalhadora, bairrista e humilde, que vai tendo a arte de construir o futuro, respeitando as tradições e alimentando a Esperança.