ALEXANDRINO BROCHADO
Muito se tem dito e escrito sobre a tragédia que atingiu os Estados Unidos da América e concomitantemente o mundo inteiro. Todo o mundo vibrou de indignação. No meio da tragédia há lições plenas de beleza moral que importa considerar atentamente.
Após a tragédia os congressistas americanos reunidos no Congresso dirigiram a Deus uma oração sincera e sentida. Pediram ajuda sabendo que só Ele lhes poderia valer. Não tiveram respeitos humanos. Todo o mundo os ouviu. O Presidente Bush no fim da primeira alocução ao país terminou comovido com esta frase: "Deus nos abençoe".
Comparemos o que por cá se passaria se uma tal tragédia nos afectasse. Os nossos políticos quebraram lanças para conseguir tirar a palavra Deus do texto da nossa Constituição. E conseguiram. Vitória, sem dúvida, dum jacobismo maçónico que tem raízes profundas na nossa sociedade. A nossa classe política, dirigente, está recheada de ateus e agnósticos confessos. O nosso povo anónimo é maioritariamente religioso, mas os nossos governantes, se são religiosos (alguns) disfarçam muito bem e têm medo de o parecer. Nas cerimónias oficiais onde têm de aparecer por dever do ofício, têm sempre um ar contrafeito e comprometido. Não se sentem à vontade. É impensável ver os nossos deputados numa tragédia similar, dirigirem-se a Deus, publicamente, solene e oficialmente. É uma das coisas pequenas duma nação também pequena.
Na Assembleia da República, dita do Estado Novo, discutiu-se largamente se nas escolas deveria ser colocado o crucifixo. Uma determinada facção pronunciou-se abertamente contra o crucifixo nas escolas. O Dr. Correia Pinto, que recordo com muita saudade, tomou a palavra ( a sua palavra era um encanto) para defender calorosamente a colocação do crucifixo nas escolas. Apresentou uma argumentação muito simples, mas muito convincente: "O Crucifixo deve estar nas escolas. Mesmo para aqueles que não são crentes, Jesus Cristo é o paradigma de alguém que viveu para os outros, que fez da sua vida um holocausto de amor pelos outros, que morreu pelos outros, que passou a vida a fazer o bem, que pregou e praticou e nos legou a doutrina mais sublime que o mundo possui. Nem os não crentes podem negar ou distorcer este perfil admirável de Jesus Cristo".
A argumentação de Correia Pinto convenceu e venceu. E o crucifixo foi colocado nas escolas. É uma referência magnífica para a nossa juventude, tão carente de valores espirituais e morais.
Na tragédia dos Estados Unidos da América, além desta lição de fé em Deus e no seu poder, não podemos também esquecer o espírito de solidariedade e ajuda patente aos olhos de podo o mundo e o desejo fortíssimo dos americanos de reerguer e reconstruir aquela que era uma afirmação técnica moderna no domínio da construção e o orgulho duma nação rica e poderosa, que num instante experimentou a dimensão da fragilidade dos homens e das suas obras.