Albertino Costa
Temos de nos fazer ao largo João Paulo II
Não basta dizer que chegou a Quaresma. É preciso saber aproveitar esta etapa do calendário litúrgico meditando profundamente sobre a vida que levamos e a que queremos levar. Lutar para vencer o demónio neste tempo favorável, é dar mais um passo no caminho, que nos leva a ajustarmo-nos no plano de Deus.
Viver a Quaresma passa por fazer jejum, dar esmola, rezar, mas sobretudo ter presente que a nossa vida pode não fazer sentido, se não houver correspondência entre o que sentimos e o que vivemos. Vivê-la, será aprender na Quaresma para o fazer todo o ano. A Igreja aproveitou, e ainda hoje aproveita, este tempo para preparação dos catecúmenos.
Nesta altura do ano, os pecadores que causavam dano nas comunidades, era acompanhados e catequizados, e, quando verdadeiramente sentiam que Deus é amor vai e não voltes a pecar eram acolhidos de novo no seio da igreja, na Quinta-feira Santa.
Isto era vivido e aceite no tempo em que as casas não tinham portas e, se as tinham, estavam sempre abertas todos conheciam a vida dos outros...
Hoje tudo é diferente. As casas estão fechadas a sete chaves, tal como as pessoas munidas dum colete de hipocrisia e mentira...
Será preciso vivermos em Quaresma todo o ano? Mas o que fazer para modificar um pouco a situação?
Jesus Cristo anunciou e viveu o amor, mas quando foi preciso soube repreender e aconselhar. A Igreja de Jesus Cristo é esta. Feita de amor, de conselhos, mas também de um arregaçar de mangas onde se mostre a vitalidade, a pureza, a alegria, a vontade de ser melhor, a vontade de amar.
É preciso promover uma espiritualidade de comunhão, que para além de outras, significa a capacidade de sentir o irmão na unidade profunda do corpo místico, um que faz parte de mim, para saber partilhar as suas alegrias e os seus sofrimentos, para intuir os seus anseios e dar remédio às suas necessidades, para lhe oferecer uma verdadeira amizade... (João Paulo II).
Nesta igreja cada um deve entregar-se a si próprio; entrega do seu corpo como vítima viva, santa e agradável a Deus. Com o amor sem fingimento detestando o mal e apoiando o bem, amando-nos uns aos outros com espírito fervoroso, estamos a servir o Senhor com alegria na esperança. Esta será a forma de as portas se voltarem a abrir, e de retirarmos o colete da hipocrisia e da mentira. Vida mais fácil para todos.
Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus (1 Jo).