Sendo 2003 o Ano Europeu da Pessoa com Deficiência, é oportuno referir o Fé e Luz, movimento de leigos, fundado por Jean Vanier e Marie Hélène Mathieu, educadora especializada em trabalho com pessoas com deficiência, nas últimas décadas do século XX.
O Fé e Luz nasceu da verificação do isolamento social e eclesial das famílias com filhos, portadores de alguma forma de deficiência mental. Pode ler-se no seu site - www.foietlumiere.org. - que a sua acção aborda a pessoa fraca, com deficiência, doente, moribunda, sem abrigo, enquanto possibilidade de transformação da vida de quem se aproxima deles.
A situação muito dolorosa de uma família francesa com dois filhos portadores de uma deficiência muito grave foi o despertar para a ideia do Movimento. A esta família que pretendia integrar-se numa peregrinação diocesana a Lourdes foi negada esta possibilidade. Fizeram então a peregrinação por sua própria iniciativa. Nasceu assim a ideia de criar uma peregrinação a Lourdes para famílias com pessoas com deficiência mental. Ao longo de três anos, pequenas comunidades preparam uma peregrinação internacional a Lourdes, grande acontecimento que teve lugar em 1971.
O Movimento Fé e Luz tem como estrutura base pequenas comunidades com uma dimensão média de 30 pessoas, constituídas por pessoas com deficiência mental, seus pais, irmãos e amigos, especialmente jovens, que realizam um encontro mensal.
Presentemente está implantado nos 5 continentes, em 75 países, com cerca de 1400 comunidades.
Em Portugal, o Movimento Fé e Luz tem um Conselho Nacional, dirigido por um Coordenador Nacional, é composto pelos coordenadores regionais e pelo Capelão Nacional. O Conselho Nacional reúne duas vezes por ano.
Para que se possa fomentar a integração das pessoas com uma deficiência mental nos seus contextos naturais e, em especial, na Igreja, é preocupação do Movimento que todas as comunidades estejam integradas nas paróquias.
O objectivo do Movimento Fé e Luz é a criação de uma rede de suporte informal de proximidade que se articula e interage com as respostas sociais formais existentes, e não estruturas de protecção social. De realçar, porque inovador, é a atenção especial dada aos irmãos, e não só aos pais, e a criação de um meio favorável - a pequena comunidade - para o desenvolvimento de um papel activo e valorizador da experiência única de partilhar a vida com uma pessoa diferente nas suas capacidades intelectuais.