[ Especial ]



    Novos Tempos

    Jejum de boas obras


    O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então, a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se.
    Isaías 58, 6-8

    Falta pouco mais de um mês para a grande celebração da fé crist㠖 a Páscoa da Ressurreição. A nossa Quaresma vai continuando e depois de termos sido convidados, no domingo passado, a subir com Jesus ao monte da transfiguração, somos agora convocados a descê-lo e a dar cumprimento àquilo que nos distingue de todas as outras pessoas: o amor incondicional por aqueles que nos estão próximos.
    Talvez, neste sagrado tempo quaresmal, alguns de nós fiquem apenas atidos a venerandas tradições. Estas tradições devem ser mantidas e estimuladas, mas com o espírito renovado. Falo, sem dúvidas, do jejum e da abstinência.
    Ao pensar sobre o jejum, encontrei este texto do Terceiro Isaías e fiquei inquieto, pois como creio que toda a palavra da Escritura foi inspirada por Deus, senti que era o próprio Senhor a falar ao meu coração.
    Mais do que jejuns de não comer ou comer menos, o Senhor pede-me e pede-nos que mostremos um outro jejum: o jejum das boas obras. Somos convidados a abandonarmos as obras que incham o nosso ego e a abrirmos as portas ao irmão. A palavra de Deus é clara: levar ânimo aos oprimidos, restituir a justiça aos cativos, dar pão aos esfomeados, casa aos sem-abrigo, vestir os nus e não desprezar os irmãos.
    Como será bela a nossa Páscoa se nos lançarmos de cabeça em obras desta envergadura. Não é difícil, basta acreditar! Se em pequeno grupo de fé organizarmos recolhas de bens e o seu encaminhamento para os necessitados, a nossa luz “surgirá como a aurora” e as nossas “feridas não tardarão a cicatrizar-se”.
    Estas feridas podem ser muitas faltas que tenhamos cometido contra os irmãos. Certamente que uma boa obra apaga uma multidão de faltas. Este é o tempo favorável, esta é a hora da salvação. Salvemos os nossos irmãos que precisam de auxílio.

    Sérgio Carvalho