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    Jornadas Pastorais para o Clero: “A Palavra de Deus na Liturgia”

    Quando encontrava palavras tuas, eu as devorava


    No caminho de Emaús
    “Então Jesus entrou para ficar com os dois. E, quando se pôs à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconbeceram-no. Jesus, porém, desapareceu da sua presença. Disseram, então, um ao outro: “Não nos ardia cá dentro o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras” Lc. 24.29-32

    “Não devemos esquecer que a estrutura actual da liturgia cristã (missa dominical, celebração dos sete sacramentos, ano cristão, etc.) é o resultado de todo um processo em cuja origem está a experiência da Ceia com o Senhor, o acolhimento do seu perdão, a escuta da sua palavra e, sobretudo, os encontros com o Ressuscitado. Não admira que a tradição cristã tenha chamado à Eucaristia "mistério pascal", pois nela se actualiza o encontro com o Senhor ressuscitado. F. X. Durwell chega a dizer que "a Eucaristia é uma forma permanente da aparição pascal". Por isso, é importante lograr uma maior participação dos fiéis na realização exterior da acção litúrgica (leitores, cantores, ministros do altar, etc.). É positivo promover a comunicação entre a assembleia e o presidente, entre os ouvintes e o leitor ou os fiéis entre si. Mas o essencial é a participação viva nos mistérios da salvação que se celebram, a experiência mística da graça de Deus que se acolhe em Cristo e por Cristo”.
    José A. Pagola

    O tema destas Jornadas Pastorais vem na sequência e como complemento das três últimas Jornadas. Lançado o projecto de animação bíblica da pastoral ao serviço da nova evangelização, com especial incidência na lectio divina, aprofundamos, no ano da Eucaristia, o Mistério Eucarístico, "fonte e ápice da vida e da missão da Igreja" e no ano passado, o Sacramento da Reconciliação Penitenciai. E da reflexão sobre estes elementos tão fundamentais da nossa vida cristã, nasceu naturalmente o desejo de recuperar e aprofundar o lugar e a importância da leitura da Palavra de Deus na celebração da Eucaristia e dos demais sacramentos, para que não nos quedemos no plano legalístico ou ritual e sejamos capazes de atingir um nível propriamente teologal, interiorizando e vivendo a riqueza destes dons de Deus.
    A teologia anterior ao Concílio gostava de distinguir entre palavra e sacramento: o sacramento dá a graça, a palavra bíblica dá o conhecimento; o sacramento é eficaz na ordem da acção, a palavra é infalível na ordem do ensino. Mas, reflectindo bem, não se trata de duas alternativas de graça e de salvação, de duas forças que se excluem ou reivindicam uma posição, mas de uma sé economia de salvação que procede da força única do Espírito. Sabemos que a Bíblia não é um simples manual de doutrina, livro de história ou colecção de sentenças, mas o testemunho vivo do amor de Deus que vem ao encontro dos homens e conversa com eles, é uma fonte de vida e de graça para a Igreja. Do mesmo modo, a celebração litúrgica não é uma cerimónia que se esgota no respeito escrupuloso das rubricas, mas uma experiência de fé que deve ser vivida. Importa, por isso, descobrir na Liturgia uma personalização da Palavra que se proclama e uma vivência do mistério salvador que se celebra.

    Conforme já divulgado oportunamente por VP, estas Jornadas para o Clero realizam-se de 22 a 26 de Janeiro de 2007 na Casa Diocesana de Vilar. Do programa - já enviado pela Casa Episcopal aos Presbíteros e Diáconos - destacam-se as seguintes palestras a cargo da equipa de “La casa de la Bíblia”: “A Palavra, antropologia e filosofia da Palavra”, “A Palavra. A experiência da Igreja”, “A Bíblia na Liturgia”, “ A Liturgia das Horas”, “A homilia”, ”O ministério do Leitor”, “As celebrações sem sacerdote”. Ainda a comunicação “A celebração do encontro com Cristo na Liturgia” (Cón. João Peixoto). Destaque-se ainda o encontro com o senhor Bispo: “Retrospectiva das últimas três Jornadas Pastorais e o seu impacto na vida diocesana”.