B. Chamusca
RÚSSIA - Boris Ieltsin decidiu esperar pelo último dia dos anos 90 para deixar o cargo de Presidente da Rússia. Vladimir Putin, o primeiro-ministro que foi designado Presidente interino, aproveitou para dar uma prenda ao seu antecessor, assinando um decreto que concede imunidade vitalícia a Boris Ieltsin. Todos os bens do presidente demissionário estão, assim, livres de vigilância e Ieltsin, acusado por muitos de corrupção, pode ter uma reforma descansada.
Vladimir Putin deslocou-se, de imediato à Tchetchénia, para condecorar as tropas federais que combatem os guerrilheiros independentistas. Os adversários de Putin, antigo chefe do KGB e o único líder poliglota depois de Lenine, dificilmente terão tempo de se preparar para o derrotar nas eleições já marcadas para Março de 2000.
Entretanto, nos arredores de Grozni, a capital tchechena, os combates são violentos. As tropas federais realizaram várias 'operações de limpeza', enquanto os generais russos parecem dispostos a usar armas mais sofisticadas para quebrar a resistência da guerrilha tchetchena. Os norte-americanos anunciaram que foi detectado o disparo de mísseis Scud russos na Tchetchénia.
PANAMÁ - Chegou ao fim um século de controlo americano no canal do Panamá, no final de 1999 quando os americanos arriaram a sua bandeira e os panamianos içaram a sua em júbilo. Foi assim a transferência do controlo do canal do Panamá que pôs fim a um século de uma "forma única de colonialismo", que os Estados Unidos nunca assumiram. O canal une o mar das Caraíbas, no Atlântico, ao oceano Pacífico mas partia um país ao meio, pois as margens do canal eram controladas exclusivamente pelos americanos.
ÍNDIA- Terminou com uma troca que durou poucos minutos a trágica tomada de um avião das linhas aéreas da Índia por um comando de guerrilheiros da Caxemira. As autoridades indianas, ao fim de uma semana de indecisão em que o avião esteve estacionado num aeroporto do Afeganistão e de vários mortos, aceitaram trocar três militantes islâmicos por 160 reféns, cedendo à última exigência dos piratas do ar.
Em Nova Deli, celebrou-se o regresso a casa dos reféns, mas a nível internacional a sensação é de que o terrorismo internacional marcou pontos neste braço de ferro com o governo indiano.
ISRAEL - Israel e a Síria iniciaram neste novo ano, nos Estados Unidos, uma nova série de negociações, embora sem grande esperança de concluir um projecto de acordo. "É muito difícil adivinhar as verdadeiras intenções do Presidente (sírio) Hafez Assad", segundo confidenciou aos jornalistas um colaborador do primeiro-ministro israelita, Ehud Barak.
Estas negociações dão continuidade ao encontro que, em 15 e 16 de Dezembro, mantiveram na capital norte-americana, o primeiro de alto nível em 50 anos de conflito. A ideia dos israelitas parece ser a de forçar um acordo até Julho deste novo ano, para poder cumprir a promessa de se retirarem da "zona de segurança" ocupada no Sul do Líbano.
INDONÉSIA - O Presidente indonésio, Abdurrahman Wahid, pediu desculpas ao povo de Irian Jaya pelos abusos de direitos humanos cometidos na província por tropas indonésias. "Gus Dur", como é conhecido o presidente indonésio, fez o pedido de perdão durante uma visita que foi aproveitada pelos separatistas de Irian Jaya para insistir nos pedidos de independência. Durante a visita, interrompida por manifestações separatistas do Movimento Papua Livre, ou OPM, Abdurrahman Wahid encontrou-se com líderes tribais e locais e concordou que Irian Jaya deve voltar a ser designada pelo antigo nome de Papua Ocidental. Wahid excluiu, no entanto, qualquer hipótese de independência para a província.
CROÁCIA - A oposição croata parece em condições de se impor nas eleições legislativas há dias realizadas, infligindo à coligação governamental HDZ a sua primeira derrota após quase uma década de poder não partilhado. No entanto, para concretizar as suas reformas, a oposição necessita de outro triunfo nas presidenciais do próximo dia 24, único modo de terminar com a pesada herança do falecido presidente Franjo Tudjman, que, apesar de ser uma referência da Croácia moderna, governou com mão dura o país.
SUDÃO - O Governo sudanês demitiu-se, segundo foi anunciado pelo Presidente Omar al-Bashir num discurso pela televisão que é encarado como mais um passo na crescente luta de poder com o seu rival Hassan al-Turabi. Bashir aceitou a demissão mas pediu aos ministros que continuem em funções até à nomeação de uma nova administração.