Sérgio Carvalho
Um ataque à família
Nestes dias, mais que nunca, estamos a assistir a um combate cerrado à civilização cristã e aos valores que a cimentam. Depois do referendo ao aborto, já se começa a falar, quase diariamente, de eutanásia, de jovens que enriqueceram na prostituição, e da exclusão do estado civil no futuro cartão do cidadão.
Apontei vários casos e cada um deles merecia uma reflexão aprofundada, mas vou cingir-me ao último. Vemos claramente que o estado civil de cada cidadão deixou de ter relevência para o Estado, ou o governo assim quer que seja. No novo cartão, que junta os números de identidade, fiscal, eleitor, segurança social e utente de saúde, é irrelevante que se diga se a pessoa é solteira, casada, viúva, separada ou se vive em «união de facto». Isto dizem eles...
O que o nosso governo não quer ver, ou quer relativizar é, certamente, o fundamento essencial da nossa e de qualquer sociedade: a família. Seja ela cristã, ou não; seja tradicional, monoparental ou reconstruída.
Os governantes que temos parecem não querer ver que muitos dos aspectos da nossa vida contibutiva estão relacionados com o nossos estado civil, como os descontos para a segurança social e os impostos que variam consoante a composição e a situação do agregado familiar.
Das duas, uma: ou o governo vai nivelar per capita os impostos e descontos, ou esqueceu-se do facto. Quero preferir a última e acreditar que foi um lapso, pois não se poderia tolerar mais um ataque às famílias e às pessoas que assumem os seus compromissos matrimoniais diante da sociedade e da Igreja. Assim, está a tempo de emendar o erro.
As famílias não podem tolerar mais estes ataques. É altura de se fazer qualquer coisa e deixar de relativizar o matrimónio, levando a que muitos jovens se «unam de facto» e se afastem do sacramento do matrimónio e do seu reconhecimento civil.
Qualquer pessoa, rectamente formada, não faz questão de ver escondido o seu estado civil, tem até muito orgulho nisso. E quando se trata de uma pessoa cristã ainda mais, pois o matrimónio não é uma coisa qualquer, é uma vocação, um caminho de santidade e um sinal do amor de Cristo à sua Igreja.
Os cristãos e as famílias cristãs têm de reagir e tomar posições públicas, pois a sua inércia e comodismo é a vitória e a imposição de valores que não são os nossos, às nossas crianças e jovens.
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