S. D. L.
Antes de abordar a questão, importa esclarecer algumas coisas.
1. O que se leva ao altar são os sinais do sacrifício eucarístico, o pão e o vinho. Estes símbolos eucarísticos são insubstituíveis e, por isso, não devem ser alterados ou ocultados por outros: velas, flores, toalha do altar, etc., muito menos, enquadrados em movimento alegórico ou folclórico, muito interessante noutro género de celebração ou de representação catequética: livros de estudo, ferramentas de trabalho, materiais de construção, ofertas ao senhor abade, frutos de estação, etc. Os fiéis, nesta extrema simplicidade, compreenderão melhor a correspondência entre o sinal e o sacramento. Outras formas e deformações desviam a atenção do mistério que se celebra, da acção divina que requer a cooperação humana (da sinergia do Espírito e da Igreja).
2. Uma procissão não se improvisa. Requer uma preparação para que se não torne no elemento mais pesado da celebração, como se esta terminasse deste modo. Um cortejo alegórico que pode ser muito ilustrativo e instrutivo, é capaz de se tornar uma resposta corporal e visual a um anúncio, à proclamação da Palavra de Deus, tanto mais quanto, para além da esfera visual, envolve a totalidade da pessoa e da assembleia. Este cortejo não está previsto para este momento da celebração, porquanto a interromperia injustificadamente. A sobriedade da tradição romana é, por isso, mais que ajustada.
3. Os documentos da Igreja não falam nunca de procissão de ofertório. Apenas referem o rito e o canto de ofertório, seguindo um modo tradicional de dizer, que já não corresponde rigorosamente (a linguagem é mais conservadora!). Trata-se de um canto que acompanha a procissão com os dons. Por uma questão prática, adequada ao nosso tempo, o sustento das necessidades dos ministros, dos pobres, dos necessitados e do culto em geral é materializado em ofertas em dinheiro que se entende no prolongamento das ofertas do pão e do vinho. Levamos algo que nos é vital e recebemos a Vida eterna.
Mas releiamos a Instrução Geral do Missal Romano, sobre este ponto:
Os gestos e atitudes corporais, tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros, como do povo, devem fazer com que toda a celebração seja bela e de nobre simplicidade, se compreenda a significação verdadeira e plena das suas diversas partes e seja facilitada a participação de todos. Para isso deve atender-se ao que está definido por esta Instrução geral e pela tradição do Rito Romano, e ao que concorre para o bem comum espiritual do povo de Deus, mais do que à inclinação ou arbítrio particular. (IGMR, 42)
Entre os gestos contam-se também
as procissões realizadas
pelos fiéis levando os dons... Convém que estas
procissões se realizem com decoro, enquanto se executam os cânticos próprios delas, segundo as normas estabelecidas para cada caso. (IGMR, 44)
Na preparação dos dons, levam-se ao altar o pão e o vinho com água, isto é, os mesmos elementos que Cristo tomou em suas mãos
. (IGMR, 72)
Convém que a participação dos fiéis se manifeste pela oferta quer do pão e do vinho destinados à celebração da Eucaristia, quer de outros dons destinados às necessidades da Igreja e dos pobres. (IGMR, 140)
É de louvar que o pão e o vinho sejam apresentados pelos fiéis. Recebidos pelo sacerdote ou pelo diácono em lugar conveniente, são depois levados para o altar. Embora, hoje em dia, os fiéis já não tragam do seu próprio pão e vinho, como se fazia noutros tempos, no entanto o rito desta apresentação conserva ainda valor e significado espiritual. Além do pão e do vinho, são permitidas ofertas em dinheiro e outros dons, destinados aos pobres ou à Igreja, e tanto podem ser trazidos pelos fiéis como recolhidos dentro da Igreja. Estes dons serão dispostos em lugar conveniente, fora da mesa eucarística. (IGMR, 73)
A procissão em que se levam os dons, é acompanhada do cântico do ofertório (cf. n. 37, b), que se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido depostos sobre o altar. As normas para a execução deste cântico são idênticas às que foram dadas para o cântico de entrada (cf. n. 48). O rito do ofertório pode ser sempre acompanhado de canto, mesmo sem procissão dos dons. (IGMR, 74)