[ Liturgia ]



    O sacristão


    Falar do sacristão leva a pensar imediatamente num rol de serviços diferenciados e díspares que lhe são cometidos, desde a simples guarda da igreja, ao acolhimento das pessoas, ao serviço de secretaria e de cartório, à limpeza, arranjo e decoração do espaço litúrgico, à manutenção, conservação, guarda e disposição das alfaias, paramentos, livros e um sem número de consumíveis, pagelas, velas, vinho e hóstias, etc., etc.. Sem dúvida um número de tarefas importantes, muitas das quais exigem, hoje, uma preparação específica.
    O Cerimonial dos Bispos dedica ao sacristão um artigo, de perspectiva embora naturalmente limitada (reduzida ao seu papel na celebração), que ainda assim vale a pena transcrever: «Junto com o mestre de cerimónias, mas dependente dele, o sacristão prepara as celebrações do Bispo. O sacristão deve dispor cuidadosamente os livros destinados à proclamação da Palavra de Deus e à recitação das orações, os paramentos e demais coisas necessárias para a celebração. Deve cuidar do toque dos sinos para as celebrações sagradas. Procure observar o silêncio e a modéstia dentro da sacristia e no vestiário (?) [silentium et modestiam in sacristia et secretario observare curet]. Não descure as alfaias que se conservam na tradição local, antes as guarde nas melhores condições. Aquilo que for introduzido de novo, escolha-se de acordo com a arte contemporânea, posto de parte, contudo, o prurido de mera novidade» (CB nº 37)
    Evidentemente que muitas destas orientações dizem respeito também a outras pessoas ou instituições (Comissões de Fábrica, Conselhos Paroquiais, Confrarias, etc.) e, principalmente, aos pastores. Entretanto quem está mais tempo e, por isso, deve mais atenção é o sacristão. Nesta mesma linha se entende o número seguinte que também se transcreve: «Da ornamentação do lugar duma celebração sagrada faz parte, acima de tudo, uma apurada limpeza do pavimento, das paredes e de todas as figuras e coisas de que se usa ou se expõem à vista. Evite-se tanto a sumptuosidade como a mesquinhez na ornamentação; mas observem-se as regras duma nobre simplicidade, urbanidade, beleza de arte. Os objectos a usar no culto e a maneira de os dispor, revelem o génio dos povos e a tradição local, "contanto que sirvam com a reverência e honra devidas os edifícios e ritos sagrados" (SC nº 123). Seja tal a ornamentação da igreja, que nela se veja o sinal do amor e reverência para com Deus; e ao povo de Deus sugira o carácter próprio das festas e a alegria e piedade do coração» (CB nº 38).
    Mais do que enumerar funções e competências, este número aponta para uma mentalidade que o sacristão deve ter e partilhar com outros responsáveis pela igreja e pelas celebrações litúrgicas. Neste contexto exige-se bastante a um sacristão:
    a) Qualidades humanas: maturidade, sentido de responsabilidade, pontualidade, espírito organizativo e diligente, capacidade para trabalhar em equipa, paciência e, sobretudo, amor por tudo o que faz e, a todo o tempo, bom humor.
    b) Alguma preparação técnica: saber usar bem os diversos aparelhos electrónicos para a iluminação e sonorização, ter sensibilidade e, se possível, alguma in-formação artística para a disposição e ornamentação dos espaços, para a conservação dos objectos de arte, esculturas, pinturas, alfaias, paramentos, etc.. Caso faça serviço de secretaria, deverá ser iniciado e muito ajudar se tiver conhecimentos de informática.
    c) Mas acima de tudo deverá possuir uma sólida formação litúrgica e espiritual. Hoje que se faz um grande esforço na formação dos diversos ministérios laicais, o sacristão, sem esta formação, corre o risco de estar permanentemente confrontado com uma triste ignorância. Note-se que as variantes que a reforma litúrgica introduziu nas celebrações não permitem que o sacristão se acomode ao que aprendeu de criança. Há uma necessária actualização para uns e uma formação de base para outros. Além disso, o sacristão é, frequentemente, para os de dentro e para os de fora da comunidade, a imagem da Igreja. Os tempos de formação espiritual e de oração mais intensa deverão fazer parte da vida de um sacristão que deseje cumprir bem a sua função.
    O Secretariado Diocesano de Liturgia, na sequência do último encontro e a pedido dos sacristães presentes, organiza um encontro para sacristães, na Casa Diocesana de Vilar, no próximo dia 1 de Dezembro das 15 às 17 horas.

    S. D. L.