Perante os anjos cantarei e tocarei
No 2.º dia de Agosto a Igreja de N.ª Sr.ª da Lapa (Porto) reuniu-se em verdadeira festa para comemorar e se congratular com os 50 anos de sacerdócio do seu Reitor, Cón. António Ferreira dos Santos. Várias foram as pessoas que se juntaram à celebração eucarística, com as presenças concelebrantes de: P. Amorim e P. Pedroso (da Reitoria), P. Álvaro (reitor do Seminário Maior), P. José Augusto (Avintes), P. Teodoro de Sousa (director da Escola de Música Sacra do Patriarcado) e P. Manuel Amorim (O.F.M., capelão do Hosp. S. João).
Seja a nossa vida um pleno cântico de agradecimento
O Cón. Santos inspirou-se na Eucaristia para a sua admonição inicial, recordando que ela significa «dar graças a Deus» e convidando todos a que seja a nossa vida um pleno cântico de agradecimento a Deus. Hoje posso ser eu uma das razões desta acção de graças, desta música profunda que une os nossos corações.
Referiu que, no final, ia ser entregue uma pagela a assinalar esta data e com uma inscrição em latim, de passagem bíblica (que poderemos traduzir por: Perante os anjos cantarei e tocarei...) e que, de facto, poderia aparecer como refrão dos presentes neste encontro. Na homilia fez um reavivar da sua história pessoal, desde a família, passando pela vida académica, artística e docente, até aos grandes feitos na música sacra e litúrgica do Porto, cidade e diocese. Nasci numa família pobre, mas profundamente digna, tanto do ponto de vista humano como espiritual. Desde cedo sempre disse que queria ser padre, tendo sempre a aceitação de seus pais e irmãos, relembrava o jubilado natural de Guidões (Trofa). Recordou também D. António Ferreira Gomes e o P. Ângelo Ferreira Pinto; os músicos de orquestras que criou, os coros e coralistas, órgãos (como o da Sé e o da Lapa) e organistas; os solistas e maestros renomados que o acompanharam ao longo dos anos (alguns estavam presentes, como: Manuel Ivo Cruz, Isabel Malaguerra, Oliveira Lopes, entre outros) o Secretariado Diocesano de Liturgia; os falecidos provedores e actual Mesa Administrativa da Irmandade; a Comunidade da Lapa e suas gentes, por onde passa o Espírito Santo, conforme salientou. De destacar a menção que fez à equipa sacerdotal com que vive em vida comum e comunidade: o P. Agostinho Pedroso, há 39 anos, e o P. Manuel Amorim, há 35 anos: constitui uma graça, de transcendência e amplitude, que só se deve ao Céu e que não é possível entender-se racionalmente.
Prova da bondade divina no perdão dos pecados
Terminou a homilia com um acto tremendo de mansidão e humildade, que tocou e emocionou os presentes. Fica aqui esse registo: Tudo tem sido graça e manifestação gratuita e generosa da infinita bondade de Deus. A sua maior prova de bondade e misericórdia foi quando me perdoou todos os pecados por palavras, actos e omissões, lavando-os no precioso Sangue do Senhor e de todos os homens que comigo coabitam. Bendito seja Deus, por Jesus Cristo Sacerdote Eterno, pelo Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. A esta contrita declaração de fé a Assembleia respondeu com uma sentida, justa e longa salva de palmas, que se repetiu, depois, na apresentação dos dons com a oferta dum cálice ao Cón. Santos e, novamente, na procissão final. O P. Amorim, após a Oração Universal, referiu que uma parte da Comunidade quis assinalar o dia ofertando esse objecto litúrgico: o cálice é muito significativo para um sacerdote e um apóstolo, com uma grande relação entre a Eucaristia, o sacerdote e os apóstolos. Na base do cálice estão gravados os 4 evangelistas e na copa as figuras de Jesus, Maria e Paulo. Depois da Eucaristia seguiu-se o almoço-convívio na Quinta de S. Salvador (V.N. Gaia).
Breves depoimentos de convidados
- O Cón. Santos é uma grande figura da Igreja e da Cultura, é um homem também humanamente com qualidades extraordinárias. Por isso é com grande satisfação que partilho esta homenagem tão justa! (Artur Santos Silva).
- Corroboro aquilo que o dr. Ferreira dos Santos disse. É, realmente, uma bênção de Deus termos connosco um sacerdote que se dedicou não só à música mas ao ensino da música e, com uma dedicação espantosa à Igreja, conseguiu trazer para o Porto tudo aquilo que a Alemanha tem em qualquer paróquia. Aqui temos uma musicalidade litúrgica que faz muita falta a todos nós! (Francisco Carvalho Guerra).
- O senhor Reitor merece todas estas deferências e merece toda a homenagem que lhe possamos prestar. Como ouviu, a obra dele não se restringiu à parte paroquial, mas tem uma extensa obra ligada à música, onde a música sacra na Europa tem uma tradição de primeiro relevo. No renascimento da música sacra na cidade do Porto ele tem a maior das responsabilidades, com uma boa equipa (Luís Valente de Oliveira). (ARR)
Celebração das bodas de ouro em Guidões (Trofa)
Depois da celebração soleníssima das Bodas de Ouro sacerdotais na igreja da Lapa, o Cón. António Ferreira dos Santos foi celebrá-las também, em 9 de Agosto, em Guidões, sua terra natal.
A igreja paroquial onde foi baptizado, crismado e celebrou a primeira Missa foi pequena para acolher toda a gente que quis participar na liturgia de acção de graças por um filho ilustre nascido em Guidões.
A autarquia municipal da Trofa foi representada pelo vice-presidente, Eng. António Pontes, e vereador Hélder Santos. Presentes também os membros executivo da Junta de Freguesia, Bernardino Maia, Américo Ramos e Francisco Maia e Castro.
Concelebraram vários sacerdotes amigos, principalmente da vigararia Trofa/Vila do Conde, presidida pelo P. Luciano Lagoa, pa´roco de S. Martinho de Bougado e actual Vigário da Vara, estando também presente o vigário da vara emérito, P. Armindo Gomes, pároco de S. Tiago de Bougado.
A celebração eucarística decorreu num ambiente de alegria e magnificat, com surpresas encantadoras. No ofertório solene, apresentaram uma peça de ferramenta de carpinteiro, profissão do pai do homenageado e duas peças tecidas em tear artesanal, executadas pela mãe do celebrante. Também interessante a oferta da fotocópia encaixilhada da acta do baptismo e um quadro a óleo representando a estampa colorida oferecida na primeira Missa ali celebrada.
O Cón. Ferreira dos Santos, visivelmente emocionado, falou agradecendo a todos, mas especialmente aos seus conterrâneos, por todo o carinho, todo o amparo, todo o entusiasmo que recebeu de seus pais, dos seus familiares, do pároco de então, dos seus padrinhos, da sua catequista, da sua professora primária, e de todo o povo simpático da sua terra.
O povo de Guidões exteriorizava a sua imensa alegria através dos cânticos e das flores, e das saudações, homenageando um sacerdote tão ilustre que tem projectado longe aquela paróquia pequenina.
O actual pároco, P. José Ramos, encerrou a celebração com um discurso primoroso de louvor e gratidão ao Cón. Ferreira dos Santos, seu professor e amigo.
No adro da igreja foi apresentado um grande bolo a todos os que quiseram partilhar. (MS)