S.D.L.
A piedade popular não pode ser nem ignorada nem tratada com indiferença ou desprezo, porque é rica de valores e, em si, exprime uma atitude religiosa perante Deus. Precisa, contudo, de ser continuamente evangelizada, para que a fé que exprime, se torne um acto cada vez mais amadurecido e autêntico. Tanto os exercícios de piedade do povo cristão como outras formas de devoção são acolhidos e recomendados, embora não substituam, nem se misturem com as celebrações litúrgicas. Uma autêntica pastoral litúrgica saberá apoiar-se nas riquezas da piedade popular, purificá-las e orientá-las para a Liturgia como oferta dos povos. (cf. J. Paulo II, Vicesimus quintus annus, 18)
Algumas Sugestões para a celebração da Noite Natal, consignadas no Directório sobre a piedade popular [=DPP], de 17 de Dezembro de 2001.
No tempo que vai das I Vésperas de Natal à celebração eucarística da meia-noite, juntamente com a tradição dos cantos natalícios, que são dos mais poderosos veículos da mensagem de alegria e de paz do Natal, a piedade popular propõe algumas das suas expressões de oração, diferentes de país para país, que é oportuno valorizar e, se for caso disso, harmonizar com as próprias celebrações da Liturgia. Entre elas estão, por exemplo:
A realização de «presépios vivos» e a inauguração do presépio doméstico que pode dar lugar a um momento de oração de toda a família: oração que inclua a leitura do relato do evangelho de S. Lucas sobre o nascimento de Jesus, com os cânticos típicos do Natal e se eleve a súplica e o louvor, sobretudo das crianças, protagonistas deste encontro familiar.
A inauguração da árvore de Natal. Também ela se presta a criar um momento semelhante de oração familiar. De facto, independentemente das suas origens históricas, a árvore de Natal é hoje um símbolo fortemente evocativo, bastante difundido nos ambientes cristãos; evoca não só a árvore da vida, plantada no centro do Éden (cf. Gn 2, 9), mas também a árvore da cruz, assumindo assim um significado cristológico. Cristo é a verdadeira árvore da vida, nascido da nossa estirpe, da virgem terra Santa Maria, árvore sempre verde e fecunda em frutos. A ornamentação cristã da árvore, segundo os evangelizadores dos países nórdicos, consiste em maçãs e pedaços de obreia suspensos nos ramos. Podem juntar-se as prendas. Todavia, entre as prendas colocadas debaixo da árvore de Natal nunca faltará os presentes para os pobres, dado que eles fazem parte das famílias cristãs.
A ceia de Natal. A família cristã que, de acordo com a tradição, em cada dia, abençoa a mesa e agradece ao Senhor o dom do alimento, cumprirá este gesto, com maior intensidade e sentido, na ceia de Natal, em que se manifestam com toda a sua força a solidez e a alegria dos laços familiares. (Cfr. DPP, 109)
A Igreja deseja, quanto possível, que os fiéis participem na noite (de vigília) de 24 de Dezembro. Porventura no Ofício das Leituras, como preparação imediata para a celebração da Eucaristia da meia-noite. Ou, onde tal não aconteça, inspirando-se nisso, poderá ser oportuno organizar uma vigília de cânticos, leituras e elementos da piedade popular. (Cfr. DPP, 110)
Na Missa da meia-noite, de grande significado litúrgico e de forte ascendente popular poder-se-á valorizar:
no início da Missa, o canto do anúncio do nascimento do Senhor, na fórmula do Martirológio Romano;
a oração dos fiéis deverá assumir um carácter verdadeiramente universal, expresso até, onde for pertinente, pelo sinal da pluralidade das línguas (tendo em conta a integração de novos imigrantes) ; e na apresentação dos dons ao ofertório haverá sempre uma recordação concreta dos pobres;
no termo da celebração poderá haver lugar para os fiéis beijarem a imagem do Menino Jesus e para a sua colocação no presépio feito na igreja ou nas suas dependências anexas. (Cfr. DPP, 111)