Parlamento europeu aprova novo quadro estratégico para o multilinguismo
Foi aprovada na passada semana, pelo Parlamento Europeu, em Estrasburgo, por 537 votos a favor, 50 contra e 59 abstenções, uma resolução sobre o novo quadro estratégico para o multilinguismo, que integrou propostas do líder do CDS, José Ribeiro e Castro, as quais assumem particular relevância para a língua portuguesa:
E. Considerando que algumas línguas europeias são também faladas em muitos outros países terceiros e constituem um importante elo entre os povos e nações de diferentes regiões do mundo,
F. Considerando que algumas línguas europeias se prestam particularmente ao estabelecimento de uma comunicação directa com outras regiões do mundo;
3. Reconhece a importância estratégica das línguas europeias de comunicação universal como veículo de comunicação e como forma de solidariedade, cooperação e investimento económico e, por conseguinte, como uma das principais directrizes da política europeia em matéria de multilinguismo.
Recorda-se que, já em 8 de Abril de 2003, foi aprovado um texto que se reconhece que "a língua portuguesa é, em número de falantes, a terceira língua europeia de comunicação universal.".
Em virtude da aprovação daqueles novos considerandos e parágrafo, o Parlamento Europeu afirma que a Europa não pode fechar-se sobre si própria, mas deve atender ao resto do mundo e à capacidade de comunicar à escala global. E que algumas línguas são ferramentas preciosas nesse sentido.
Está, assim, assegurado maior equilíbrio e sentido estratégico a este importante documento, valorizando devidamente as línguas que, como o português, têm grande difusão a nível global.
Recorda-se que o inglês é a língua oficial de 350 milhões de pessoas, o espanhol para 280 milhões, o português para 230 milhões e o francês para 125 milhões. Estes números e a dispersão geográfica dos falantes tornam clara a importância das línguas europeias que têm uma projecção global, e, por isso, a capacidade para manter e aprofundar relações e contactos directos, sem mediação, com outras partes do mundo.
Tratou-se, por isso, de uma grande vitória para a Língua Portuguesa que fica assim com caminho aberto para ver plenamente valorizada a sua importância a nível global.
Fica aberta a porta para que possa ser exigida maior promoção activa do ensino e aprendizagem das línguas, como o português, que têm esse potencial e que devem ser promovidas na UE como segunda, terceira ou quarta línguas de aprendizagem.
E abre-se, também, outro caminho de entendimento renovado para a política de cooperação da UE: a de que também se faz em português. Quando estiver em causa a cooperação no espaço lusófono, é inequívoco que essa é cooperação não é apenas portuguesa, mas também uma cooperação de toda a Europa, falada em Português.
Para o Presidente do CDS-PP, "Esta resolução constitui um avanço importante para uma nova política europeia de promoção do multilinguismo que se quer equilibrada, com sentido estratégico e virada para o exterior. Fica consagrado em definitivo e no contexto apropriado o conceito e a importância das Línguas Europeias de Comunicação Universal ou "European World Languages" de que a nossa língua portuguesa é, nada mais, nada menos, que a terceira no quadro da União Europeia".
O deputado Ribeiro e Castro comentou também a evolução em sentido positivo da abordagem parlamentar do controverso tema do Indicador Europeu de Competência Linguística.E, aqui, disse:
"É inútil negar que o custo existe. Só que, apesar da apresentação repetida de argumentos financeiros, importa lembrar que o multilinguismo é um dos custos mais típicos e mais nobres da moderna construção europeia. É seguramente muito mais barato que a guerra. E constitui também um poderoso activo cultural.".
Sobre essa matéria, está também em processo de recolha de assinaturas uma declaração escrita lançada pelo deputado Luís Queiró, que "solicita à Comissão que no prazo de um ano apresente um calendário concreto e exequível para a extensão do Indicador Europeu de Competência Linguística a todas as línguas oficiais da União Europeia".