Karol Wojtila nasceu em Katovice, no sul da Polónia, em 18.5.1920; foi ordenado sacerdote em 1.11.1946; ordenado bispo em 28.9.1958; arcebispo de Cracóvia em 13.1.1964; Cardeal da Igreja em 26.6 1967; eleito Papa em 16.10.1978 (completaram-se ontem 23 anos); iniciou o ministério de Pastor da Igreja Universal em 22.10.1978. No próximo dia 22, às 19 horas, será cantado na Sé do Porto, promovido pelo cabido da Catedral, um solene Te Deum laudamus, em acção de graças pela sua missão.
Esteve em Portugal de 12 a 15 de Maio de 1982; de 10 a 13 de Maio de 1991 visitou de novo Portugla; e em 12 e 13 de Maio de 2000 veio à Cova da Iria beatificar os pastorinhos Francisco e Jacinta e revelou o conteúdo do chamado terceiro segredo de Fátima. Desde a primeira audiência geral que se dirige sistemáticamente em português aos peregrinos de Roma, e obviamente nas visitas apstorais realizadas a Portugal e ao Brasil.
Ontem vieram a público notícias que falavam da preocupação da Cúria romana pelo seu estado de saúde bastante débil. No entanto tem vindo a acompanhar os trabalhos do Sínodo dos Bispos, que ele próprio convocou. Não sabemos o que o Espírito reserva à Igreja, mas a sua acção ficará como determinante na história moderna.
HENRIQUE MATOS
Já lá vão 23 anos desde aquele dia em que o Vaticano apresentava o seu novo e mais importante inquilino. Um Polaco que vinha de Cracóvia e que recebia dos Cardeais a missão de conduzir a Igreja Universal. Uma tarefa que desempenhou com uma mestria que nenhum analista se atreveria a prever no dia da sua eleição. Wojtyla tem sido um Papa político, um Papa ecuménico, um Pontífice com uma sensibilidade pastoral que alia a ousadia e a prudência num equilíbrio espantoso. O seu Vaticano tem sido o mundo inteiro, como o atestam as viagens pastorais, quase na ordem da centena, que o levaram, não onde era esperado ou politicamente correcto, mas simplesmente onde era preciso. Mas este Papa viajante revelou-se simultaneamente um Papa escritor. Os documentos que saíram da sua pena forneceram à Igreja uma doutrina renovada, dialogante com os tempos, a sugerir caminhos, não há medida do mundo, mas a exigir deste a mudança e adesão a uma cultura que respeite a vida humana e a dignidade do homem.
Com João Paulo II a unidade dos Cristãos rompeu o universo das boas intenções e faz hoje parte da dinâmica pastoral de muitas das comunidades cristãs. Protestantes, Católicos e Ortodoxos vão apagando as distâncias do passado, construindo um futuro único na especificidade de cada um. Este é também o Papa que em Assis reuniu as religiões do mundo numa oração pela paz, uma prece a diferentes vozes mas com uma única intenção.
João Paulo II, um Papa construtor da Paz, um Papa que pediu perdão pelos erros que a sua Igreja cometeu no passado, um homem que pede coisas difíceis e que, talvez por isso, o mundo olha com admiração.