A propósito da celebração da Semana Nacional da Educação Cristã, apresentámos no n.º de 27 de Setembro a Nota Pastoral da Comissão Episcopal da Educação Cristã, com o título A família, um bem necessário e insubstituível. O documento coloca a tónica na importância da família como berço e princípio de toda a educação, e sobretudo a educação cristã.
No seu n.º 1, o documento justifica a escolha do enfoque da família devido á sua permanente e intrínseca relação com a educação; o n.º 2 salienta a centralidade da família como expressão da própria natureza humana, não mera realidade sociológica, mas antropológica; no n.º 3 considera-se a família como o espaço ideal do acolhimento da vida; no n.º 4 afirma-se o papel da família como indispensável ao desenvolvimento integral da criança e do jovem e o papel dos pais como primeiros responsáveis pela educação.
Com o desenvolvimento do ano lectivo, a relação entre a família e a escola torna-se especialmente relevante. Por isso voltamos ao documento, na parte em que trata deste tema.
Voltando-se já mais para a relação entre família e escola e o papel desta, continua o documento:
A escola, subsidiária da família
5. Entre os meios educativos subsidiários da família, sobressai, pela sua importância, a escola. A cooperação entre a família e a escola, traduzida numa conjugação de esforços que respeite a especificidade e a autonomia de cada uma, é condição indispensável para o êxito formativo e o sucesso escolar das crianças e dos jovens.
Alertamos os pais e encarregados de educação para a necessidade de manterem com a escola relações de diálogo e de participação nas suas actividades, colaborando na elaboração e execução do projecto educativo e integrando as estruturas previstas pela legislação.
Aos professores, particularmente aos de Educação Moral e Religiosa Católica e aos responsáveis pela gestão escolar, chamamos a atenção para a importância de assumirem as suas tarefas como serviço ao desenvolvimento e formação dos alunos. Isso implica que não sejam meros transmissores de conhecimentos, executores de estratégias pedagógicas ou simples técnicos administrativos. A alma da educação reside no testemunho dos mestres, que, por palavras e pela prática de vida comunicam uma sabedoria tecida de valores e critérios éticos. E os cristãos encontram na comunhão com Deus a fonte inesgotável dessa sabedoria.
A educação na escola requer, também, acolhimento e diálogo com as famílias, escuta e resposta às suas necessidades e propostas, e realização de programas de cooperação com as famílias e a comunidade, dando especial atenção às situações de risco, de pobreza e de marginalidade.
Educação moral e educação da Fé
6. É aos pais cristãos que, em primeiro lugar, incumbe a educação dos filhos na fé. São eles que mais podem contribuir pela palavra e pelo testemunho, para que os filhos despertem para a fé, dom de Deus transmitido no baptismo, e progressivamente a assumam e professem em liberdade e responsabilidade como acto pessoal.
Mas, se a transmissão da fé é um dever de que os pais não podem abdicar nem simplesmente delegar a outras pessoas ou instituições, também é verdade que não o podem nem devem cumprir por si sós. Necessitam da ajuda da Igreja: A edificação de cada família cristã individualmente, coloca-se no contexto da família mais ampla da Igreja, que a ampara e leva consigo, e garante que existe o sentido e que haverá o «sim» do Criador (6).
Neste sentido, é indispensável articular e alimentar a vivência familiar das crianças e dos jovens com a participação na comunidade cristã e a cooperação com a acção dos catequistas e dos sacerdotes.
Apelos aos catequistas, sacerdotes e educadores
Convidamos os catequistas a aprofundar o serviço eclesial que prestam como testemunhas de Cristo Vivo, a procurar a formação adequada e a proporcionar às crianças, aos jovens, aos adultos e às famílias, a experiência e a integração na vida da comunidade cristã. Tenham na devida conta que, na catequese, a componente doutrinal tem de ser acompanhada do testemunho de uma vida pessoal de intimidade com Deus, alicerçada na oração e na frequência dos sacramentos, designadamente a Eucaristia.
Aos sacerdotes, particularmente aos párocos, apelamos a que coloquem, entre as suas primeiras prioridades pastorais, as seguintes: a catequese em todas as idades, atendendo à necessidade de acolhimento e de respostas adequadas à diversidade de situações, e ao empenho pessoal na selecção criteriosa de catequistas e na sua formação; a família, dando especial atenção aos casais jovens, que requerem propostas pastorais específicas e inovadoras; e o ensino, empenhando-se na sensibilização das crianças, dos jovens e das famílias para a matrícula em Educação Moral e Religiosa Católica, no diálogo com as escolas e no acompanhamento dos professores.
Celebramos hoje o nascimento da Virgem Santa Maria, cuja vida, a começar pela que teve na Família em que nasceu e cresceu, ilumina toda a Igreja. De todo o coração Lhe pedimos que nos ajude com a sua intercessão junto do seu Filho Jesus Cristo.
Lisboa, Festa da Natividade da Virgem Santa Maria, 8 de Setembro de 2006
NOTAS:
1 - Bento XVI, Palavras do Santo Padre durante a Vigília de Oração. Valência (V Encontro Mundial das Famílias), 8 de Julho de 2006. www.vatican.va
2 - Bento XVI, Discurso do Papa Bento XVI na abertura do Congresso Eclesial Diocesano na Basílica de S. João de Latrão. Roma (Congresso sobre a Família), 6 de Junho de 2005. www.vatican.va
3 - Cf. Ibid.
4 - Ibid.
5 -Bento XVI, Palavras do Santo Padre durante a Vigília de Oração. Valência (V Encontro Mundial das Famílias), 8 de Julho de 2006.
6 - Bento XVI, Discurso do Papa Bento XVI na abertura do Congresso Eclesial Diocesano na Basílica de S. João de Latrão. Roma (Congresso sobre a Família), 6 de Junho de 2005.