Lara e George a meio gás
Nesta primeira quinzena de Maio já passaram por cá alguns cantores, de renome internacional, como é o caso de Plácido Domingo, Lara Fabian e George Michael.
Com o Casino da Póvoa cheio na noite do dia 5, e com alguns ouvintes de língua francesa (talvez belgas, a exemplo da cantora convidada), Lara Fabian limitou-se a cantar 12 músicas, sendo apenas uma em inglês e as restantes em francês. De início pareceu entrar com alguma garra, que, entretanto, se foi desvanecendo. O que valeu, para animar e dar um conceito mais intimista ao espectáculo, foi a presença de uma meia dúzia (os tais estrangeiros) que sabia bem as letras das músicas, a ponto de se fazerem ouvir bem no Salão. Lara, por sua vez, demonstrou ter ficado surpreendida e satisfeita pelo canto afinado e bem conseguido sem ela esperar e pedir desses seus especiais fãs. Este particular momento registou-se com a canção Je taime. Para além deste tema houve outros dois com interacção e resposta geral do público: Humana e Silence. Durante a actuação foi fazendo alguns comentários, bem humorados, um dos quais relativos a um outro tema, Aime, referindo que é sempre complicado trabalhar e executar as músicas relacionadas ao Amor, mas espero, quem sabe, que qualquer dia deixe de ser assim. E antes de terminar disse que, em conversa com um jornalista local (foi a única entrevista dada!?), nessa tarde, a inspiração das suas músicas vinha do intercâmbio com as vozes e o público que com ela vão cantando. A apreciação final que me fica é que foi, sem dúvida, agradável, mas a meio gás, pois para trás deixou 3 temas previstos no alinhamento, um dos quais no único encore feito, apenas com o tema Je me souviens. Nota bastante positiva vai também para a produção que o Casino da Póvoa tem feito neste sentido, com artistas de relevo, de estilos musicais diferentes. A registar os próximos programas (jantares-concertos), com músicos portugueses consagrados: Festival Gastronómico do Porto com Rui Veloso, a 25 e 26 de Maio, e Festival Gastronómico do Marisco com Paulo Gonzo, a 15 e 16 de Junho.
Quanto ao outro grande concerto, do George Michael, deu-se no dia 12. O Estádio de Coimbra nem de longe encheu, tanto no relvado como nas bancadas superiores. Estiveram cerca de 25.000 pessoas, com uma margem de erro sempre razoável. Num espectáculo de duas horas, começou por dizer ao público: "já faz muito tempo, mas quando saírem daqui espero que me perdoem. Vocês estão fantásticos". Das músicas cantadas, só 3 ou 4 é que eram antigas, da década de 80. O concerto compôs-se com um misto de energia: umas músicas bem mais calmas e outras com uma batida mais forte, levando o público a um rubro (comedido), com bastantes palmas e mãos no ar. A música que antecedeu o intervalo revestiu-se de sátira comediante com as figuras de Bush e Blair a aparecerem nos efeitos computorizados, que foram muitos e bem conseguidos, dando uma noção de movimento constante, com elementos distintos que, por vezes, nos faziam parecer estar noutro lado completamente diferente. O tempo de intervalo 20 minutos comprovou rigorosamente a pontualidade inglesa, o mesmo já não aconteceu com o início da sua actuação. No fim, após 5 minutos, regressou para o encore, com "Careless Whisper" e "Freedom" (liberdade), também muito conhecida e por muitos esperada. Dedicou este último tema ao seu pai, em dia do seu aniversário (já dia 13), dizendo que "este tema é algo de fundamental, que muitos ainda não têm". Mesmo tendo escutado opiniões que o conduziam ao sucesso total, com este primeiro teste de estar de novo pronto a pisar os grandes palcos, achei que podia ter dado muito mais, como outros grandes músicos e cantores que por cá já passaram!
André Rubim Rangel