[ Liturgia ]



    Um Grande Domingo!

    S.D.L.


    1. «Os cinquenta dias que decorrem desde o Domingo da ressurreição até ao Domingo de Pentecostes, inclusive, são celebrados com alegria e júbilo, como se fora um único dia de festa, mais, como se fora um grande Domingo. São dias em que tem particular relevo o canto do Aleluia» (Cerimonial dos Bispos, 371).
    2. Alegria, felicidade, festa, juventude, glória, renovação, ressurreição, vida eterna, aclamar, cantar, louvar, celebrar: eis o vocabulário emergente das orações e antífonas do Tempo Pascal. A Igreja transborda de felicidade pela ressurreição do seu Senhor: remoçada no entusiasmo da fé, testemunha a eficácia da Páscoa na vida nova - a glória da adopção divina - que a anima e que pelos sacramentos pascais se propagou a novos membros. E nesta alegria deseja permanecer e exultar sempre, até à vida eterna.
    3. Nunca será demais lembrar que a cinquentena (o tempo pascal) é uma única e longa festa. Por isso mesmo, importa valorizar os elementos festivos e pascais da celebração: o círio, a aspersão no início da Missa, o Aleluia, o Glória (que deverá ser cantado), as luzes, as flores, os adornos, a música instrumental, etc. Convém não deixar cair o júbilo pascal. Note-se que não dizemos «Domingo depois da Páscoa» mas, sempre, «Domingo de Páscoa» - 2º, 3º, 4º... -. Não se trata, pois, de uma sucessão cronológica de celebrações independentes, em que se vão abordando temas diversos ou recordando diferentes acontecimentos.
    4. Na liturgia eucarística evitar-se-á toda a pressa, de modo a valorizar maximamente a principal celebração deste que é o sacramento da Páscoa por excelência: memorial do sacrifício de Cristo, presença do Ressuscitado, completamento da Iniciação cristã, pregustação da Páscoa eterna.
    5. Há um elemento que se deve manter visível durante todo este tempo: o Círio pascal. Não é uma vela qualquer, deixada junto do ambão ou do altar como que por esquecimento. Há-de ser com certeza a maior das velas da igreja e do ano. O seu tamanho deve ter proporção com as dimensões da própria igreja, e deverá ser colocada no presbitério num candelabro nobre e bem visível (o Cerimonial dos Bispos diz: «no meio do presbitério ou junto do ambão»). Também aqui não se trata apenas de cumprir uma rubrica. Importa promover o seu sentido profundo, valorizar a expressividade. Com certeza que se acenderá em todas as reuniões da assembleia.
    6. Durante a Quaresma jejuamos do Aleluia e preparámo-lo para o cantar melhor não só com a nossa voz, mas sobretudo com o nosso coração e com a nossa vida. O Aleluia é o canto da eternidade, com Deus. A Páscoa é o irromper do júbilo sem fim neste nosso tempo caduco. E o Aleluia é a expressão disso. Inaugurado na jubilosa Vigília em que o Senhor venceu a morte com a sua gloriosa ressurreição, dá-se-lhe particular relevo durante todo este tempo. Deverá ressoar em todas as missas com afluência de povo, mesmo de semana, sem excluir as missas de defuntos. O seu lugar mais expressivo será antes do Evangelho. Mas, principalmente nas missas de domingo, poderá ser repetido no final do mesmo, mesmo sem o versículo que o acompanha. O aleluia faz ainda parte de inúmeros cânticos deste tempo que, por esse facto, têm uma especial ressonância pascal. Com o aleluia despede-se a assembleia durante a oitava de Páscoa e no termo do tempo pascal (Pentecostes); mas nada impede e - é mesmo recomendável - que o mesmo se faça em todos os domingos. Este é, na verdade, o tempo do Aleluia. A expressão musical deve ser viva e não rotineira, de forma a dar tonalidade e unidade a todo o tempo pascal. Para além do Aleluia gregoriano mais generalizado, pode lançar-se mão de outras melodias (por ex., NCT nn. 186 e 187, ou BML n. 26, p. 19).
    7. Desde a Vigília pascal que este é o tempo de recordarmos e celebrarmos a nossa condição de filhos, fazendo memória do Baptismo. Neste sentido sugerimos que o acto penitencial seja substituído pelo rito da aspersão, como aliás está previsto no Missal (MR., p. 443 e 1359-1365: atenção às orações propostas em especial para o tempo pascal).