[ Especial ]



    Viver com Sabedoria

    Albertino Costa


    A maior parte da nossa sociedade vive angustiada em busca de algo que lhe dê segurança e lhe traga felicidade.
    Esta angústia cria feitios quezilentos e rostos tristes, que espelham o que lhes vai no coração. Uns já perderam a esperança; outros continuam a lutar, talvez de forma errada; poucos acreditam que nasceram para ser felizes. Quantos também, apesar de se dizerem crentes, à primeira contrariedade na vida, de saúde ou outra, desanimam e deixam-se vencer. Para estes, Deus, de pouco lhes vale!
    “O divórcio que se nota entre a fé que professamos e a nossa vida quotidiana, deve ser tida entre os mais graves erros do nosso tempo”. – Vaticano II.
    Esta vida que levamos, deixa-nos pouco tempo para apreciarmos a beleza de tudo o que Deus criou para nós! Vivemos na sombra. Na sombra das nossas vidas.
    Mas o homem conhece o bem e o mal. Não reconhece a sua capacidade de agir erradamente, adaptando às suas conveniências, os seus critérios de bem e de mal.
    “Sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido como escravo ao pecado. Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto”. Rm 7, 14-15.
    A nossa proveniência de um povo que viveu no exílio, que só conseguiu ser libertado pelo braço forte de Deus, mostra-nos que há um Pai para quem qualquer vida tem um valor infinito.
    Esta é a nossa situação. A amargura, a incerteza da vida, a angústia, o viver sem rumo são a causa duma vida com a morte no coração. Vida que continua subjugada ao faraó. Expressar alegria e partilhar com os outros segurança, paz, vontade de viver, é ter força para derrotar o mal e manifestar, continuamente, vontade de acolher no seu seio a filiação divina.
    Mas a alegria não está logo ali. A vida será breve e triste se nela não estiver Deus. Para se passar da morte para a vida, ou da tristeza para a alegria, podemos ter de passar pelo deserto.
    Onde há tristeza, Deus não é louvado, contudo, o poder de Deus vivo, mesmo aqui, pode manifestar-se.
    Quando Deus aparece, a tristeza é como a nuvem que se dissipa para dar lugar à luz, que mesmo fraca, começa a iluminar a nossa vida!
    Com a alegria vem a esperança e renasce a renúncia a uma vida fácil, conspurcada pelos pecados de diversa ordem.
    Quem não se lembra do filho pródigo? “Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver, ele estava perdido e foi reencontrado”. Lc 19, 6-37.
    Este amor filial de Deus vive-se com a perscrutação da Sua Palavra. Viver da Palavra de Deus é sentir a força do Evangelho, que nos leva a modificar valores, as linhas de pensamento, os modelos de vida, que muitas vezes se nos apresentam em contradição. Difícil de compreender? Mais difícil de aceitar. Mas... não tenhais medo! Deus está aí, pronto a ajudar-te a atravessar o deserto da tua vida. Aproxima-te. Grita-lhe! Este grito de guerra, guerra com a morte, guerra com a tristeza, deve manifestar a tua ansiedade, a tua vontade, a tua necessidade de ajuda.
    Quem ainda não experimentou?