Margarida Martins Alves
Foi inaugurada a 21 de Agosto de 1999, em Amarante, a primeira Worldshop com o nome de "Loja do Comércio Justo". Criada pelo Aventura Marão Clube, uma associação local fundada em 1993, esta loja pode nascer graças ao apoio da Comissão Europeia (DGXXII), do Instituto Português da Juventude, da Câmara Municipal de Amarante e de algumas empresas privadas que cederam as instalações e materiais de construção. Actualmente a loja trabalha com quatro ONG (organizações não governamentais) de importação europeias e tem uma facturação média de 250 contos por mês.
Esta Loja do Comércio Justo orienta a sua actividade por um conjunto de critérios:
A loja apoia a definição e os princípios do Comércio Justo através da sua missão, valores, material de divulgação e actividades; a função principal da Loja é a promoção do Comércio Justo, através da venda de produtos comercializados de modo justo, da informação e da participação em campanhas de sensibilização; a Loja reinveste os seus lucros no circuito do Comércio Justo, nomeadamente no fortalecimento das estruturas de importação e produção e na melhoria das infra-estruturas e serviços acessíveis aos produtores; a Loja informa o público sobre os seus objectivos, a origem dos produtos, os produtores e o Comércio Mundial; apoia as campanhas que promovem a melhoria da situação dos produtores, bem como as que visam influenciar as políticas nacionais e internacionais.
A grande prioridade da Loja e dos voluntários que têm vindo a aderir ao movimento do Comércio Justo são, a divulgação do movimento junto da opinião pública e a sensibilização para os problemas que afectam o sul do Mundo na lógica da relação de dependência e exploração Norte-Sul. Para o efeito já organizaram vários seminários destinados sobretudo aos jovens em idade escolar e participaram em várias feiras e exposições onde promovem e comercializam os seus produtos.
Uma loja que não é para obter lucro?
Há pessoas que entram na Loja sem saber do que se trata mas depois de uma explicação mostram-se logo interessadas. E o certo é que a pouco e pouco, a Loja ganhou clientes e em Amarante já há quem não a dispense. Há pessoas que não querem chá senão do Comércio Justo. Diz Miguel Pinto que até agora o saldo é positivo. O consumidor paga o custo da produção, a mão de obra e as horas de trabalho. A loja de Amarante vende produtos alimentares, têxteis e artesanato, oriundos de países desfavorecidos de África, Ásia e América. Estes produtos são justamente pagos ao produtor. As margens aplicadas na venda ao público não são muito elevadas sob pena de tornar os produtos demasiado caros. Só com a grande cooperação do voluntariado é possível este "milagre".
O Instituto da Juventude assegura o salário de uma funcionária, e o resto é trabalho voluntário. No dia da inauguração, a dificuldade foi explicar às pessoas que não se tratava de uma loja de produtos baratos, "uma espécie de loja dos 300" gerida por universitários, nem sequer se pretendia transformar as vendas em mais uma iniciativa "de caridade". "Isto é uma forma comercial de fazer cooperação", explica Miguel Pinto. Os produtos "são melhores do que os outros e são pagos de acordo com o seu valor real". Com a vantagem de ajudarem a mudar um mundo que demasiadas vezes é um local sinistro para muita gente.
Projectos
Miguel Pinto, não tem mãos a medir com tantos projectos que o Comércio Justo pode abrigar em Portugal para ele não faz sentido que todos os PALOP façam parte da lista dos 25 países mais pobres do mundo e apesar disso, nenhum integre a rede de fornecedores destas lojas. Está incluindo na agenda das suas prioridades futuras o alargamento da teia de influências das lojas europeias a Timor, Guiné, Angola e Moçambique. Já para não falar na necessidade de abrir mais lojas por todo o país.
Associação "Reviravolta" e loja no Porto
Neste momento já foi inaugurada uma loja em Coimbra e brevemente teremos também uma Worldshop a funcionar na cidade do Porto. Será uma iniciativa de uma associação, chamada Reviravolta, que trabalhará exclusivamente com o Comércio Justo.
Esta associação criou parcerias com outras congéneres europeias o que permitiu a apresentação conjunta, na Comissão Europeia, de dois projectos na área da formação/informação sobre o Comércio Justo. Um permitirá a organização de seminários em 24 escolas do Distrito do Porto e o outro prevê formação sobre o Comércio Justo para os voluntários que participaram como animadores nas actividades de sensibilização. Em perspectiva a formação duma plataforma portuguesa de Comércio Justo e Solidário.
Contrapartidas sociais gratificantes
As contrapartidas sociais têm exemplos gratificantes: só no Bangladesh, o Comércio Justo criou 25 mil escolas, e as campanhas mundiais de denúncia da falta de condições de trabalho em algumas grandes empresas têm tido efeitos directos sobre a melhoria de vida dos trabalhadores. O reconhecimento internacional do Comércio Justo também dá os primeiros passos. A Comissão Europeia adoptou o café proveniente deste comércio. Uma medida que terá os seus efeitos de "marketing" e poderá servir de exemplo futuro. A loja portuguesa já solicitou à Assembleia da República a adopção do "café com preço justo". Aguarda resposta. Tal como espera pela resposta das câmaras municipais. Até mesmo da de Amarante.
Apetecia-me mesmo dizer-te Miguel, a letra linda de uma canção que eu gosto:"se os caminhos que percorres são de paz e justiça, irei contigo!"
Para mais informações, contactar:
LOJA DO COMÉRCIO JUSTO(Aventura Marão Clube)
Edifício Carvalhido - Loja X - São Gonçalo4600-013 Amarante
Tel.:255423147_ __
Mail: jmrpp@hotmail.com
www.terravista.pt/mussulo/7616